Conte sua história › Ernesto Trombeta › Minha história
Minha história começa com minha vinda para São Paulo em abril de 1982. Nasci em Cambará (PR), em uma família de quatro irmãos, só homens em casa. Na década de 70 meus pais saíram do Paraná e mudaram para cidade de Itapeva, no sul do Estado de São Paulo.
Durante a maior parte da infância, fui criado numa fazenda. Para ir à escola tinha que ir de ônibus da empresa. Na época do colegial, tinha amigos de classe orientais, mas, naquele tempo, não gostava de nada que fosse relacionado à cultura oriental: comida, relacionamentos etc. Eram amigos de classe. Fora de lá, distância.
Daí, quando cheguei a São Paulo, depois de dois anos morando aqui, voltando para casa certo dia (morava em Osasco), errei o ponto de ônibus. Fui andando e durante a caminhada fiquei pensando por que não fazer alguma coisa diferente. Veio à cabeça entrar numa escola de línguas. Olhando no jornal, vi um anúncio bem pequeno de um centro cultural que ministrava aulas de japonês. Peguei o endereço e fui até o local. Quem me atendeu o foi a diretora da escola. Uma amiga dela ficou curiosa em saber o porquê do meu interesse. Falei que resolvi, sem mais nem menos, fazer algo diferente, e que o curso tinha sido minha escolha.
No primeiro dia de aula, o caderno quadriculado, ao contrário, achei tudo diferente. Ao começar a escrever nos quadrinhos o alfabeto (Katakana e Hiragana), pensei comigo mesmo: “Me encontrei!!!!” . Isso foi no ano de 85. Conheci muitos japoneses na época (foto1). Uma amiga de classe me convidou para ir a um baile. Achei que fosse um baile normal, mas, chegando lá, só tinha japonês - me senti como um peixe fora d’água. Mas após a convivência com o grupo, participando das viagens, ajudando nas festas e até dançando bon-odori (foto2), comecei a me envolver com a colônia propriamente dita.
Nunca havia feito um discurso (foto3) na vida e me convidaram para fazer um, em japonês, para uma delegação que estava vindo do Japão conhecer a associação. Chegando ao Aichi Kenjinkai, não tinha como desistir e lá estava eu, na frente, suando e tentando ler o pequeno texto que parecia com centenas de palavras, tudo em romaji. Mas consegui finalizá-lo.
Depois disto, comecei a freqüentar os eventos das colônias nos kenjinkai (Mie, Hokkaido, Aichi etc.), sempre conhecendo e fazendo novas amizades com a comunidade japonesa de todo canto de São Paulo. Hoje tenho amigos muito conhecidos (cantores, deputados, médicos, advogados etc. etc.), sempre convivendo em harmonia com todos eles.
No interior, depois que comecei a freqüentar a colônia, conheci uma japonesinha muito bonita. Mesmo com ela morando lá e eu em São Paulo, começamos a namorar, ficamos três anos escondidos quando viaja, pois os pais não queriam que ela namorasse brasileiros.
A minha última namorada veio do Japão para conhecer o Brasil. Ficamos dois anos juntos, apesar de ela ter voltado depois que veio para o Brasil e ter ficado um ano no Japão, até decidir morar definitivamente aqui. Fiquei muito orgulhoso de ter namorado uma garota muito maravilhosa e com todos os costumes diferente da gente, e ensinando português para ela. Nunca namorei uma ocidental e, falando sinceramente, até hoje nenhuma me chamou a atenção tanto quanto as orientais...
Hoje em dia, estou sempre nas festas/eventos da colônia (Festival do Japão, Tanabata Matsuri, bazares beneficentes, shows etc.), procuro prestigiar tudo e agora não me sinto um peixe fora d’água como no começo. Muito pelo contrário, se eu estiver num ambiente só de brasileiros (ou "gaija"), me sinto totalmente deslocado.
Gosto muito desta cultura milenar, dos costumes, das comidas, das pessoas. Tudo isto me chama muito a atenção. E hoje posso dizer com muito orgulho que 98% de meus contatos são amigos(as) orientais...
Meu profile: http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=3158720160597558826
Meu Site: http://trombeta.multiply.com
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil