Conte sua história › Nilson Hissami Taninaga › Minha história
O meu pai se chama José. Não sei como o vovô Hiroiti e a vovó Shigueno escolheram esse nome. Não tive a curiosidade de saber no momento certo. É uma pena porque agora é tarde demais, eles já se foram. O que sei é que o Miguel Botelho, um fazendeiro da época, batizou o meu tio Miguel. E me chamo Nilson em homenagem ao médico mais conceituado de Santa Fé do Sul (SP), que é a cidade onde nasci. Ficamos na homenagem porque apenas dois da família Taninaga, a minoria, optou por carreira em biomedicina.
José, Hiroiti e Shigueno (para simplificar JHS) foram o ponto de partida de muitas coisas. Dentre elas, cito o retorno dos Taninaga ao oriente, realizado graças à abertura oferecida pelo governo japonês no final da década de 80. Retorno deka para muitos, uma visão parcial, tendo em vista a própria trajetória de JHS. Haja vista a seqüência referencial de Coronel Miguel para o Dr. Nilson: são dois momentos, tempos ou mundos.
José é issei, imigrante da primeira geração. Por força do koseki tohon (registro familiar), tanto ele como eu somos os primogênitos. Hiroiti e Shigueno foram japoneses até o final da década de 20 do século passado. Eles se tornaram nikkeis em 1929, quando então desembarcaram no porto de Santos no dia 15 de novembro.
Na ocasião o Baron Shidehara fez a seguinte anotação:
“M Hiroichi, 22 ans.
Mme Shigeno, 20 ans.”
Chamo atenção para um pequeno detalhe: a idade do casal. São ambos novos, extraordinariamente novos “afin de se livrer à l´agriculture” ou nos cafezais e sob a tutela dos barões e dos coronéis da época.
O que era possível esperar de um casal de imigrante tão jovem? Não muito, no entanto, fizeram mais do que o suficiente para o encaminhamento dos Taninaga.
Homenageando o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, e neste espaço da Editora Abril, falo então um pouco da história dos Taninaga. Desejo recuperar uma parcela das informações que estiveram perdidas aqui, ali e acolá durante décadas. Não citei a minha mãe pelo fato dela, juntamente com os seus pais, justificar outras formas de abordagem.
Para finalizar, quero deixar claro que assumo a responsabilidade sobre as informações postadas e, por outro lado, estou aberto para, se for o caso, realizar as devidas correções e complementações pertinentes.
A todos deixo as minhas homenagens.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil