Conte sua história › Komatsu Okinokabu › Minha história
Para construir as casas, os japoneses faziam mutirões. Derrubavam a mata virgem e serravam a madeira, que era muito boa. Nossa casa ainda está lá. Tinha uma varanda, quartos grandes. O banheiro ficava no lado de fora, era uma fossa. O ofurô era construído em um tronco de madeira escavado, forrado com uma chapa de zinco, e era aquecido a lenha.
Em 1948 nos mudamos para Tapiraí (SP) onde já vivia meu irmão. Passei a ser somente dona de casa, com o marido e os filhos maiores trabalhando numa oficina de manutenção de veiculo e posto de combustível. A região era predominantemente agrícola com muitos japoneses, o que dificultou o meu aprendizado da língua portuguesa. A colônia mantinha as tradições japonesas, o undokai (gincana esportiva) era realizado no pasto e no kaikan havia projeções de filmes japoneses, que as pessoas assistiam sentadas no chão de tatame. No oshogatsu (ano-novo), íamos de casa em casa cumprimentar as famílias, durante três dias.
Em 1956, fui me aventurar em São Paulo, onde já viviam muitos parentes. Morei na Vila Prudente e trabalhei com costura. Freqüentei o kaikan (clube), participei do fujinkai (grupo de mulheres) e comecei a jogar gate-ball. Com a morte do meu marido em 1986, passei a morar com os meus filhos.
Em 1993 fui ao Japão com meu filho, minha nora e minha sobrinha, fazer turismo por seis semanas. Foi muito emocionante, pois pude reencontrar parentes e amigas de infância. Minha lembrança mais bonita de lá foi o sakurá (cerejeira), que estava florido e muito bonito.
Desde 1995 moro em Taubaté com meu filho e nora. Freqüento o kaikan, onde tenho muitos amigos.
O Brasil tem tudo o que preciso. Fui muito feliz aqui.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil