Conte sua história › Taro Nishimura › Minha história

O último navio

Eu sonhava em morar no Canadá. Mas acabei embarcando no Brasil Maru, que fez a última viagem organizada pelo governo japonês, na época da imigração ao Brasil. Pensei: vou conhecer o mundo. Meu amigo Tomonaga, que trabalhava no órgão de imigração japonês (Jamico), me “empurrou” e sou grato a ele por isso.
Foi uma bela viagem. O navio fez paradas no Havaí, a cidade de São Francisco (EUA), o Panamá, Belém (PA), Rio de Janeiro e Santos. Uma experiência inesquecível.

Vim para o Brasil para montar a filial brasileira de uma empresa japonesa. Por conta do meu trabalho, conheci todo o Brasil.

Fui bem recebido pelos brasileiros, que são mais abertos, conversam mais. O japonês é mais calado, fechado, mas quando você consegue pegar a confiança dele, mantém uma amizade mais profunda. São culturas bem diferentes.

Quando cheguei aqui, já havia muitos japoneses, o que facilitou muito a adaptação. O japonês já tinha fama de honesto e trabalhador. Era engraçado, pois quando eu jogava baralho com meus colegas no Mato Grosso, eles faziam questão de que eu cuidasse do caixa, pois era confiável.

Naquela época, a dificuldade era reproduzir a culinária japonesa. Mas, hoje, temos acesso aos produtos japoneses, o que permite viver igual ou até melhor do que lá.

Atualmente, vivo bem aqui. Se o Brasil conseguisse resolver os problemas da saúde e segurança, seria um lugar perfeito para se viver.