Conte sua história › Ademar Osamu Abiko Junior › Minha história
Quando pivete, odiava tudo que era japonês. A ponto de vomitar depois de ser forçado pela minha mãe a comer sushi, numa daquelas tentativas máximas de nutrir os filhos.
Minha aversão talvez tenha surgido no colégio, onde eu era o "china" e o "cdf que estuda com os olhos fechados". Criança, boba, liga para essas coisas. Ser diferente é problema nessa época da vida.
Daí, toma efeito a equação: preconceito + insegurança = negação, ou em outras palavras "menina japa é feia porque tem nariz de batata", "não gosto quando a bá(tchan) fala japonês comigo".
Assim como "bá" era um apelido de origem desconhecida, outras coisas japonesas faziam parte da minha vida, sem que meu escudo anti-Japão as detectassem. E seriados de super heróis eram uma delas.
Em tempos nos quais os pasteurizados Power Rangers não existiam nem nos pesadelos mais bizarros, os Changeman faziam a alegria das tardes pós escola. Griffon e Mermeid eram nomes comuns, apesar de nem se fazer idéia do que significavam. E tinha Jaspion, Flashman, Maskman, Jiraya, Black Kamen Rider. Este último, uma série forte, que chocou muita criancinha por aí porque dirigentes de emissoras de TV não tão espertos (ainda bem!) trataram o programa como infantil.
Tinha também os Cavaleiros do Zodíaco. A primeira vez que os vi estava zapeando a tv quando parei na extinta TV Manchete. "Meu, que desenho é esse!?. Um doido de armadura rosa tá estraçalhando o outro com umas correntes! E o cara que tá perdendo é de... capricórnio! Droga, bem o meu signo..." No dia seguinte fui contar a novidade pros meus colegas. Quase ninguém tinha visto. Deu uma semana, era a maior febre da escola. Deu um mês, do Brasil.
Mas e para ligar tudo isso com o Japão? Eles eram ainda desenho e seriado de super-heróis. Não eram anime e tokusatsu.
Ísso só foi acontecer mais tarde. Só por volta de 2000.
つづく
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil