Conte sua história › Cristiano Kaminishi › Minha história
Meu nome é Cristiano Kaminishi, filho de Satol Kaminishi e Mercedes Alves. Nasci em Goiânia (GO), mas cresci em Curitiba (PR).
Tive uma infância e juventude sem quase contato com outras famílias de japoneses. Não tinha muitos amigos mestiços ou descendentes.
A idéia de ir ao Japão partiu do marido de uma prima minha de Londrina (PR). Ele já havia trabalhado no Japão por alguns anos. Neste momento eu tinha apenas 15 anos de idade. Esperei fazer 16 anos para começar a procurar uma agência que oferecesse trabalho no Japão.
Cheguei sozinho ao Japão no dia 14/07/1996, dia do meu aniversario de 17 anos. Meu presente no outro dia foi trabalhar 12 horas em uma fábrica. Vim para o Japão para conseguir um dinheiro bom para realizar alguns sonhos e ajudar minha mãe que me criou sozinha - meus pais separaram-se quando eu tinha quase 1 ano de idade.
Como fui criado com minha mãe, que não é descendente de japoneses, não tive costume, tradição ou filosofia japonesas em minha vida até vir ao Japao. E também não sei as historias dos meus avós paternos. Só sei que eles vieram de Kagoshima-ken.
Minha adaptacao ao Japão foi rápida. Nunca estranhei nada, apesar de não conhecer muito da cultura japonesa. Já são 11 anos entre o Brasil e o Japão. Todo ano volto para o Brasil e fico alguns meses por lá. Sinto saudades do Japão quando estou no Brasil e vice-versa.
Sempre fui tratado com muito respeito pelos japoneses, eles são muito educados. Discriminação existe em qualquer lugar do mundo. Isso nunca foi problema para mim. Acho que os japoneses têm muita paciência com os brasileiros. Em vários lugares, grupos, comunidades, países etc., tem 10% que não gostam de cumprir regras, isso é normal.
As culturas dos dois países em minha vida foi fundamental para meu sucesso. Eu sei aproveitar cada coisa boa que eles me oferecem. Sou muito grato aos dois países, pois sei que foi muito importante ter um pouquinho de cada no meu sangue.
No Japão tive muitos momentos marcantes: o primeiro dia que cheguei ao Japão, o dia da minha viagem de volta ao Brasil depois de 3 anos direto aqui, minha estréia no profissional de vale–tudo, o dia em que recebi a faixa preta de jiu-jitsu, todas as vezes que fui campeão japonês de jiu-jitsu etc.
Minha vida tomou outro rumo aqui. Saí da fabrica e fui para uma importadora de produtos brasileiros. Foi um ano e meio em cada trabalho. A partir de 99 fui morar na academia de jiu-jitsu em Tokyo/Setagaya e por lá fiquei 1 ano. Treinava todos os dias e comecei a lutar com freqüência em todos os campeonatos do Japão e exterior.
Hoje sou profissional, vivo apenas das lutas, com ajuda dos patrocinadores (Telecall Japan, Unitour Nagoya e Wize-Net) que me ajudam com os gastos que tenho para treinar e me preparar para as lutas. Estou sem trabalhar faz mais de 8 anos. A luta virou meu trabaho. Nunca pensei que um dia poderia viver como um lutador profissional aqui no Japão.
Graças a Deus, minha carreira a cada ano que passa cresce mais, tenho muitos fãs japoneses e brasileiros.Tenho apoio de patrocinadores, da imprensa, dos amigos e da família.
Não tenho vontade de fixar moradia no Japão definitivamente, ainda tenho meu sonho de morar no Brasil e ter minha família por perto. O Brasil e um ótimo pais para quem sabe aproveitar o que ele oferece.
Meus sonhos são vários, de lutar nos melhores eventos do mundo, de ter uma vida com conforto, de poder trabalhar com crianças carentes, de voltar para a igreja etc…
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil