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Márcia Mieko Morikawa

Coimbra, Portugal
16 anos, professora universitária

Tempo III: Memórias congeladas


Logo que terminei a faculdade no Brasil, decidi-me por ir trabalhar no Japão. O Brasil vivia a tragédia econômica de Fernando Collor de Mello e o Japão oferecia o “sonho dekassegui”.
Recém-formada, mas sem perspectiva de trabalho, lancei-me neste sonho. Quando cheguei em Tóquio, meu irmão veio me buscar. No caminho do aeroporto de Narita até Tóquio a surpresa saltou-me aos olhos: não haviam aquelas casas feitas de palha de arroz que eu via nos filmes de samurais que assistia com minha avó, nem as pessoas estavam vestidas em estilo nipônico! A imagem em preto-e-branco de um Japão tradicional que eu tinha visto em algumas fotos abandonadas ao pó pelos cantos da nossa casa durante a minha infância não correspondia àquela que eu via agora. Eram altos e modernos arranha-céus, e pessoas vestidas de uma maneira estranha, com cortes de cabelo futuristas. Tóquio é mesmo futurista para alguém que saiu do interior de São Paulo, acostumada com as “festas do peão e boiadeiro” (se há algo de futurista nisso). Foi então que aprendi que o Japão da minha avó (e aquele que eu tinha herdado dela) era o Japão das memórias congeladas de uma imigrante no Brasil. E foi esse Japão que ela levou consigo quando deixou este mundo...


Enviada em: 11/01/2008 | Última modificação: 22/01/2008
 
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Comentários

  1. Mami @ 11 Jan, 2008 : 23:56
    Marcia, No meu caso, os imigrantes foram meus proprios pais..foram uns dos ultimos a imigrarem para o Brasil naqueles "navios" que demoravam meses para chegar no pais. O mesmo aconteceu comigo. Das historias contadas por eles sobre o Japao "deles" nada havia restado. Ate a lingua japonesa que eles me ensinaram, era de um tempo antigo, alem de ser o "hogen" de kyushu. Mas ao pisar nas Terras dos meus sonhos..a Terra dos meus pais ha 17 anos atras, ate hoje me lembro: lagrimas de felicidade por estar aqui!

  2. Thomas Suzuki @ 16 Jan, 2008 : 20:04
    Legal, Marcia! No meu caso foi com comida... Fui alfabetizado em português, mas em casa algumas palavras e cumprimentos (ohaioo, oyasumi) eram em japonês. Eu fiquei assustado quando meus amiguinhos de escola falavam que gostavam de comer arroz. Eu falava: "Eca! É duro!". *risos* Na minha cabecinha, "Arroz" era o cru, porque eu lia assim nas embalagens; e "Gohan" era o cozido, porque minha mãe sempre chamava "Vem comer gohan!"

  3. mario,23/01/2008 @ 22 Jan, 2008 : 02:29
    sim , idiomas trazem tanto cotradiçao ,antigamente maioria dos pais diziam que , ! ja que nasceu no brasil ! , nao tem necessidade de falar lingua japonesa ,porem a lingua japonesa e idima a mais , internacional , sabendo e conhecimeto a mais , e sera naturalmente muitissimo util , muitos dekasseguis aqui no japan sofrem devido a lingua , sofrem e nao faz força para aprender , para ir no simples hospital tem que ir com tradutor , aumentando o orçamento , interessante e aprender o basico da lingua , para viver num paiz que seja temporariamente e necessario pelo menos o basico da lingua onde se reside , imigrantes dekasseguis japoneses sofreram no brasil de nao falar portugues , os que vem para japan sofrem de nao falar lingua japonesa , sofrem de nao poder defender si proprio , em pequenos casos as vezes e humilhados , deve consentisar pela importancia da idioma , sabendo idioma mais , e conhecimento a mais , assim ensino meus filhos ! parabens marcia ! e gracias , felicidades !!

  4. Ricardo Katayama @ 24 Jan, 2008 : 01:15
    sensacional trilogia. emoção, evolução e uma dose de realidade no terceiro tempo. parabéns!

  5. marcia @ 4 Mar, 2009 : 08:34
    Kero saber como se escreve marcia em japones? Grata,

  6. guilherme @ 17 Mar, 2009 : 21:46
    eu gosto da xina

  7. guilherme @ 17 Mar, 2009 : 21:46
    eu gosto da xina

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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil

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