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Márcia Mieko Morikawa

Coimbra, Portugal
16 anos, professora universitária

Três tempos das memórias de uma sansei - Tempo I: «Chouchou» no meu jardim


«Chouchou», respondia eu à pergunta da professora logo no primeiro dia em que eu ia para a escola primária brasileira.

Todos olharam com ar indignado para mim e eu repetia obstinada:
- «Chouchou»!

A professora voltou a insistir diante da figura de uma borboleta colorida desenhada num papel de cartolina pendurado no quadro negro: – “Quem sabe o que é este desenho?”
Enquanto um e outro coleguinhas respondiam – “Borboleta”!, eu insistia no meu léxico japonês: - «Chouchou»!

A professora, já com ar constrangido, olhou para mim e calmamente disse: – “Isto é uma borboleta. Uma bor-bo-le-ta. Nunca viu uma no jardim de sua casa?”

Já com lágrimas nos olhos tornei a repetir: – “Não, é uma «chouchou»... Uma «chouchou»... «chouchou desuyo»!” Não conseguia compreender como é que eles não acreditavam em mim, óbvio sendo que aquilo era uma «chouchou». Os meus coleguinhas sim, talvez suas mães não lhes tenham ensinado, mas a própria professora não saber que aquilo era uma «chouchou»? Francamente!

A situação de "loucura" em que me encontrava repetiu-se várias vezes: «wantchan», «hana», «ie», etc. Sorte das sortes, entretanto, a minha situação foi salva quando soube que aquela não era a professora efetiva, mas que estava a lhe substituir por duas semanas. Quando chegou a professora efetiva, no mesmo dia eu passei de "louca" a "japinha" aos olhos dos meus coleguinhas: ela era nikkei!


Enviada em: 11/01/2008 | Última modificação: 16/01/2008
 
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Comentários

  1. Mami @ 11 Jan, 2008 : 23:56
    Marcia, No meu caso, os imigrantes foram meus proprios pais..foram uns dos ultimos a imigrarem para o Brasil naqueles "navios" que demoravam meses para chegar no pais. O mesmo aconteceu comigo. Das historias contadas por eles sobre o Japao "deles" nada havia restado. Ate a lingua japonesa que eles me ensinaram, era de um tempo antigo, alem de ser o "hogen" de kyushu. Mas ao pisar nas Terras dos meus sonhos..a Terra dos meus pais ha 17 anos atras, ate hoje me lembro: lagrimas de felicidade por estar aqui!

  2. Thomas Suzuki @ 16 Jan, 2008 : 20:04
    Legal, Marcia! No meu caso foi com comida... Fui alfabetizado em português, mas em casa algumas palavras e cumprimentos (ohaioo, oyasumi) eram em japonês. Eu fiquei assustado quando meus amiguinhos de escola falavam que gostavam de comer arroz. Eu falava: "Eca! É duro!". *risos* Na minha cabecinha, "Arroz" era o cru, porque eu lia assim nas embalagens; e "Gohan" era o cozido, porque minha mãe sempre chamava "Vem comer gohan!"

  3. mario,23/01/2008 @ 22 Jan, 2008 : 02:29
    sim , idiomas trazem tanto cotradiçao ,antigamente maioria dos pais diziam que , ! ja que nasceu no brasil ! , nao tem necessidade de falar lingua japonesa ,porem a lingua japonesa e idima a mais , internacional , sabendo e conhecimeto a mais , e sera naturalmente muitissimo util , muitos dekasseguis aqui no japan sofrem devido a lingua , sofrem e nao faz força para aprender , para ir no simples hospital tem que ir com tradutor , aumentando o orçamento , interessante e aprender o basico da lingua , para viver num paiz que seja temporariamente e necessario pelo menos o basico da lingua onde se reside , imigrantes dekasseguis japoneses sofreram no brasil de nao falar portugues , os que vem para japan sofrem de nao falar lingua japonesa , sofrem de nao poder defender si proprio , em pequenos casos as vezes e humilhados , deve consentisar pela importancia da idioma , sabendo idioma mais , e conhecimento a mais , assim ensino meus filhos ! parabens marcia ! e gracias , felicidades !!

  4. Ricardo Katayama @ 24 Jan, 2008 : 01:15
    sensacional trilogia. emoção, evolução e uma dose de realidade no terceiro tempo. parabéns!

  5. marcia @ 4 Mar, 2009 : 08:34
    Kero saber como se escreve marcia em japones? Grata,

  6. guilherme @ 17 Mar, 2009 : 21:46
    eu gosto da xina

  7. guilherme @ 17 Mar, 2009 : 21:46
    eu gosto da xina

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