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  Conte sua históriaPatrícia Hamada Yoshida › Minha história

Patrícia Hamada Yoshida

São Paulo
49 anos, relações-públicas

Proteção dos antepassados


A história da minha família no Brasil não se difere de todos os imigrantes e descendentes japoneses que escolheram o País para viver. Meus avós paternos, Mite e Mosuke Hamada, desembarcaram no porto de Santos na década de 40 e logo foram trabalhar em uma fazenda de café na região de Santo Amaro, em São Paulo.

Meu avô materno Kagekyo Yamamoto era marinheiro no Japão e só não lutou na guerra para ir atrás da família que havia imigrado ao Brasil. Apesar de ter cumprido dois anos de treinamento no navio de guerra, recusou a aposentadoria concedida pelo Japão aos combatentes, por considerar que não seria justo. Sua atitude reflete bem o espírito japonês de honradez.

Meu pai sempre me conta que foi um período difícil para os meus avós. No início, moravam em casas feitas de madeira, o trabalho era árduo e havia a barreira da língua e dos costumes. A situação melhorou bastante quando a família se mudou para a região bragantina, quase divisa com o sul de Minas Gerais. Lá, entre as cidades de Vargem e Extrema, as famílias japonesas foram se conhecendo e formaram uma comunidade que perdura até hoje.

A casa onde cresci foi construída pelo meu avô Mosuke, um exímio carpinteiro que havia também trabalhado com navios no Japão. Tive a oportunidade de conviver bastante com ele e me lembro que passava horas jogando o shogui – uma espécie de xadrez. Minha avó Mite já havia falecido quando nasci. Parentes e amigos da família a descrevem como uma mulher enérgica que sabia tocar o shamisen (instrumento de cordas) com perfeição.

Guardo boas lembranças do meu avô Kagekyo. Gostava de folhear os seus livros e herdei dele o gosto por mapas topográficos. Era uma pessoa culta e tranqüila, que administrou por muitos anos uma granja em um bairro rural de Atibaia (SP). Juntamente com minha “batian” Mite, hoje com saudáveis 84 anos, criou quatro lindas filhas: Helena, Anita (minha mãe), Júlia e Conceição. Imagino que os moços da vizinhança deviam ficar alvaroçados com as filhas do “Yamamoto-san”.

Eu e meus irmãos, Luciana e Alexsandro, somos netos de três avôs e três avós. Como meus avós Mosuke e Mite não podiam ter filhos, adotaram o filho do irmão mais novo da minha avó, Takemori Jomori. Situação difícil nos dias de hoje, na época se tratava da perpetuação do sobrenome, questão de honra para os japoneses.

Mesmo sendo de quarta geração – yonsei –, há muita influência da cultura japonesa no meu jeito de ser e resgatar a história dos meus avós reforçou o orgulho pelo legado que eles deixaram. Minha mãe me disse uma vez que “a família é a raiz forte que te segura”, e é esse ensinamento que quero passar para os meus filhos. Até hoje, quando retorno à casa dos meus pais, passo no “hotokesan” (altar japonês) e acendo senkôs (incensos) para os meus avós e agradeço. Simplesmente por tudo.

Compartilho essa maneira de pensar com meu marido, Eraldo, que também traz histórias de antepassados parecidas com as minhas. Um fato curioso entre nós é que quando minha avó Time era adolescente, ela morou na mesma cidade dos pais e tios do Eraldo, em Santo Anástacio, oeste do Estado de São Paulo. Quando já estávamos casados descobrimos que as famílias se conheciam e foi muito bonito presenciar o reencontro entre eles. Sempre brinco que os japoneses estão ligados em rede. Taí um bom exemplo!


Enviada em: 11/10/2007 | Última modificação: 16/10/2007
 

 

Comentários

  1. Alexsandro Hamada @ 21 Out, 2007 : 11:24
    Puuxa minha irmanzinha!!!foi c/muita emocao e Saudades que li seu comentario!!!Parabens vc conseguiu transmitir bem,um pouco de nossa historia e um dos meus sonhos,e ir ao porto de Kobe e ir ate ha Kagoshima e conhecer aonde tudo comecou.A origem de nossa Famlia e kem sabe colocar meu comentario aki t/bem de como foi minha visita!!!!Ate mais e Parabens!!!

  2. marcio hamada @ 25 Nov, 2007 : 21:59
    Muito bonita a sua história e espero um dia te conhecer apesar de não sermos parentes tenho muito orgulho de fazer parte dessa raça que tanto contribui e contribui com sua sabedora, inteligência, em todos os campos de atuação seja na política, esporte, cultura. Meus parabéns msm. MMHAMADARF@BOL.COM.BR

  3. Ana Creusa - São Luís/MA @ 20 Abr, 2008 : 12:16
    Patrícia, a história de sua família é linda!. Não sou descendente de japonês, mas os admiro. O seu bom astral é contagiante, vc parece uma pessoa muito feliz. Mas quero compartilhar com vc uma dor que não tem cura (vcs conseguem saber de onde vieram), enquanto que a maioria de nós brasileiros não conseguimos formar nossa árvore genealógica. Eu, por exemplo tenho o sobrenome de Martins dos Santos. Já li que Martins é uma corruptela de Martim da Espanha e dos Santos eram os escravos que a igreja não queria admitir que possuía e os chamavam de "escravos dos Santos", após a "alforria" eles adotaram o sobrenome dos Santos. Minha mãe é Pinheiro Martins dos Santos. Li, também que os judeus, para camuflarem suas origens, no Brasil, adotaram o nome de árvores, aí estão incluídos os Parreira, Pinheiro, Oliveira e etc.

  4. CLAUDIO TANOUE @ 20 Jun, 2008 : 00:06
    Olá Patrícia, como vai? Parabéns pela história de sua família. "A família é a raiz forte que te segura". Isso é maravilhoso, é riqueza em todos os sentidos. Visite a minha página também, entre em CLAUDIO TANOUE. Grande abraço a você e ao Eraldo.

  5. tawane @ 4 Jul, 2008 : 11:46
    oi,a historia da sua familia não foi facio?

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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil

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