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  Conte sua históriaMauricio Thuguio Nomura › Minha história

Mauricio Thuguio Nomura

Bauru / SP - Brasil
56 anos, Especialista em Telecomunicações

Família Nomura de Bauru


A história da minha família daria um bom filme de drama ou livro... São muitas coisas para falar, que nem sei por onde começar.
Como são muitas partes, faço um resumo.
Meu pai nasceu no japão em outubro de 1939, e veio do Japão aos 15 anos, chegando com a família no porto de Santos em 1954. Esta infância não conheço bem, pois meu pai falou pouco. Sei que ele viveu trabalhando em Cafelândia, na plantação de café. Depois, foi trabalhar em Gália na criação do bicho da Seda. Morou em sítios de onde trabalhava, em situações de muita pobresa. Casou-se com uma mulher, japonesa, e que posteriormente, faleceu de câncer e foi enterrada em Gália. Nesta época, meu tinha um bar em Bauru.
A história da minha mãe já é de muito sofrimento. Os pais dela vieram do Japão junto com parentes. Um destes parentes (tio dela) veio expulso do Japão por causar muita desonra na família por ser alcoólatra. Junto com esse tio (Shitiro Kimura) veio a esposa (minha avó de criação, Fuyu Kimura).
Toda a família veio a trabalhar na criação do bicho de seda na região de Gália, interior de São Paulo. Estes meus avós de criação (Shitiro e Fuyu Kimura) não podiam terem filhos (ele era estéril). Assim, os parentes eram obrigados a doar um filho para estes parentes por não poderem terem filhos. Assim, meus avós verdadeiros doaram a minha mãe, Orlanda, com a idade de 3 anos, nascida em Fernão Dias, próxima à Galia. Meus avós verdadeiros (Mike e o marido Shibuya, não lembro o nome), não queriam doar a filha (era a caçula), e para não terem mais contatos, os meus avós de criação, mudaram para bem longe.
Durante a vida da minha mãe com a nova família, foi somente sofrimento. Por ser de doação por necessidade, e não por amor, os pais adotivos não tinham um carinho sequer, e a fazia minha mãe de empregada ou escrava. Isto foi desde os 3 anos até aos 27 anos, quando foi "forçada' a se casar com alguém que ela não conhecia. Como estes meus avós queriam que ela continuasse a morar junto, ela deveria se casar com alguém bem pobre e sem instrução. Foi aí que conheceram meu pai. Durante toda a vida adolecente da minha mãe, ela sempre morou em sítio, e cuidava do avô adotivo que bebia, e vivia doente, espancando minha mãe constantemente. Ela vivia sempre com fome, com muita pouca comida e roupa. Nunca teve lazer, somente trabalho. Isto desde os 3 anos de idade. Quando minha mãe se casou com meu pai Kenji Nomura, depois de um ano, eu nasci. De tanta briga que minha avó gerava na família, meu pai figiu de casa, logo quando eu tinha uns 2 anos de idade. Ficou ums 6 meses fora e retornou. A vida de meus pais sempre foi de sofrimento. Meu avô adotivo faleceu antes dela se casar, muito doente. Meus pais como sempre trabalharam na roça, começaram a trabalhar na feira, em Bauru. Assim, aos poucos, foi melhorando o meio de vida da família. Mas, meu pai sempre bebia, ainda mais com as constantes discussões com minha avó adotiva. Nasceu meu irmão do meio (washington) , e após, a minha irmã caçula (Jaqueline).
Meu pai pouco falava do passado dele, mas a minha mãe, sempre conversava que sofreu muito na vida.. uma vida de escravidão e sem amor em família.
Em meados de 1990, a mãe dela verdadeira ficou velha, o marido faleceu, e teve de ir morar junto com a filha doada, junto com a avó adotiva... A minha mãe teve de acolher a mãe que a abandonou quando ela tinha 3 anos... e isto para ela, parece nunca sair das lembranças dela.
As duas avós moraram por muito tempo, e sempre tendo discussões, pois elas nunca foram amigas.
Esta avó adotiva ficou doente, 3 meses de cama, e 3 longos meses sendo tratada com sonda alimentar, limpeza, e etc de etc que a minha mãe cuidou dela... cuidou com carinho e dever, de alguém que a fez sofrer por quase uma vida inteira. Ela faleceu em novembro de 2002. Mas tarde, a avó verdadeira dela começou a ficar muito doente, e como meu pai, em 2003 teve AVC e fez cirurgia cardíaca, e houve complicação pós-cirúrgico, a minha avó foi morar com meu tio, Kenity Shibuya, que mora em São Paulo capital. Meu pai não ficou normal após o AVC, pois afetou o cérebro. A minha mãe, que sofreu muito ao cuidar da minha avó adotiva, teve de cuidar da avó verdadeira e agora, cuidar de meu pai, pois as questões fisiológicas, não têm controle.
Em 2006 minha avó verdadeira faleceu, em São Paulo, e foi trazida para Bauru. Hoje, eu faço o possível para que a minha mãe tenha paz, tranquilidade e sossego, pois a vida dela inteira, foi de sofrimento. E ainda hoje, ela sofre para cuidar de meu pai, que têm problemas de saúde. Em todo o momento da minha vida, apesar da família pobre, sempre tive ajuda deles, e hoje, graças a DEUS e àos meus pais, tenho tudo o que tenho por causa deles.
Em toda esta vida, tem muitos detalhes que aqui não dá tempo para contar.... as pessoas que conheceram de fato os meus pais, a minha família na antiguidade, muitos já morreram... são histórias da minha família que muita gente não acreditaria, nos dias de hoje.
Graças a DEUS, hoje eu sou casado, tenho dois lindos filhos (Natália e Thiago) , tenho um emprego relativamente bom para mim, e que dá para cuidar de meus pais. Casei com uma Pernambucana que conheci em Marília. O nome dela é Luciana. Meus filhos são lindos mestiços!
FIM!
Esta é a vida da minha família.


Enviada em: 08/01/2008 | Última modificação: 08/01/2008
 

 

Comentários

  1. Amalia Burlim @ 10 Jan, 2008 : 21:28
    Olá, Mauricio O sobrenome da família da minha mãe também é Nomura, mas acho que não somos parentes, pois eles vieram de Oita. Fiquei comovida com o exemplo de dedicação que é a sua mãe - mande minhas lembranças para ela e diga que ela tem uma admiradora! Abraços

  2. Luciano @ 16 Jan, 2008 : 14:14
    Oi Maurício, meu sogro também é Nomura, vou levantar a história dos pais dele e depois lhe envio. Abraços

  3. Mauricio Nomura @ 8 Mar, 2008 : 22:45
    Amália ... Qdo vc diz Oita, não quiz dizer Otta? Pois se for Otta, fica também em Gumma-Ken... Eu preciso tirar umas dúvidas melhores com meu pai sobre a cidade natal e as cidades de onde ele viveu até os 15 anos, pois sei que ele tem uma irmã no japão, e que é também uma Gumma. Apesar de ser mulher, ela talvez não tenha levado o sobrenome Nomura com a família... Luciano... Valeu.. qualquer pesquisa, ajuda a descobrir possíveis parentes!!! Aos dois... Vocês assistiram a novela japonesa Haru e Natus que passou na Band???? É um retrato fiel da vida dos japoneses imigrantes do passado!!! Eu até consegui gravar so capítulos via internet... e no ORKUT tem uma comunidade onde o pessoal descreve sobre a novela e também sobre as histórias das famílias japonesas... Caso queiram saber, acesses o site do orkut, e procurem a comunidade Haru e Natsu.... e sae não assistiram a novela, nesta comunidade têm os links para baixar os 5 capítulos... VALE A PENA VER!!! Abraços!!! Sayonará!!!

  4. Renato Yassuda @ 9 Mar, 2008 : 14:50
    Prezado sr. Mauricio, Sua história é muito comovente e o parabenizo por compartilhar conosco. Fiquei imensamente feliz por constatar que o senhor tem toda uma lição de superação e busca da felicidade para ensinar a nós todos.Torço, com toda sinceridade, que os próximos caminhos de sua família sejam de sucesso e saúde. Tenho grandes amigos em Bauru, que atuam na área eletrotécnica, das famílias Taira e Onoue, os quais comentarei sobre sua história. Atenciosamente; Renato Yassuda

  5. Carla Shimokawa @ 10 Mai, 2008 : 13:52
    Olá, Mauricio Eu li sua historia e vi que seus pais trabalhavam na feira em Bauru, talvez eles conhecessem meus avós, Hajime Imamura e Hisako Imamura... eles tb trabalharam na feira. Moram no Vista Alegre, sempre moraram la... Sou de BAURU também e me orgulho demais desses dois velhinhos!!! Abraço

  6. Mauricio Nomura @ 13 Mai, 2008 : 22:59
    Carla... Eu me lembro de um casal chamado de Imamura, e eram vizinhos da feira, na banca da minha avó. Hoje, todo domingo eu vou à feira, na rua Gustavo Maciel, e vejo eles ainda fortes e caminhando por toda a feira. Acredito de que sejam eles!!! abraços!!

  7. Mauricio Nomura @ 13 Mai, 2008 : 23:08
    Renato Yassuda, nós descendentes da japoneses, via de regra, defendemos a família como um elo que só a morte nos separa. Mesmo doentes, acamados ou saudáveis, devemos cuidar e partilhar o convívio com a família para sempre, e perpetuar esta educação e estilo de vida aos nossos filhos, para que eles, futuramente, nos olhem e cuidem de nós, e que não sejamos largados à mercê de asilos ou deixados em casa sem cuidados. Geralmente as antigas famílias têm uma vida sofrida, e esta lição de vida faz com que valorizemos a família, a educação, a moralidade e a honestidade. E isto, eu passo aos meus filhos. Eu conheci uma família Taíra em Bauru, que fazia feira e que morava na Vila Giunta. A família Onoue eu não conheço, apesar de Bauru ter uma boa colônica japonesa e bastante Okinawa. Grato pelas palavras!

  8. Carla Shimokawa @ 14 Mai, 2008 : 21:29
    Ahhh, sim, sim, são os dois... Continuam agitados, participando de tudo do nipo, caminhando todos os dias e indo à feira todos os domingos... hehehe! Minha mãe e meus tios também ajudaram meus avós na feira, Fumiko (minha mãe), Maria Mitsuka e Sérgio, mas todos estudaram e estão bem, graças a esses dois ai que os educaram dignamente e estão felizes, aproveitando a aposentadoria. Eu sou estudante de História na Unesp em Assis, e me interessa muito esse passado tão difícil de minha família e de tantas outras famílias que desembarcaram aqui no Brasil... Grande abraço!!!

  9. Nelson Sinzato @ 17 Ago, 2008 : 21:31
    Caro Sr. Maurício, a história da sua família realmente daria o enredo de um ótimo filme. Impressiona-me as situações dramáticas por que passou sua mãe, pagando com dedicação os maus tratos que recebeu. Porém, para compensar os espinhos, vieram os filhos, especialmente você, que de acordo com seu relato demonstra ser um filho dedicado. Parabéns. Meus pais também nasceram em Bauru, depois se mudaram para Tupã e Dracena, onde nasci. Ainda tenho uns parentes que moram em Bauru. Já faz umas três décadas que fui visita-los. O local era conhecido por Shinohara e havia ali um lugar onde se vendiam abacaxis. Atualmete resido em Mato Grosso. As localidades que você cita: Gália, Fernão Dias são muitos familiares para mim, pois se localizam no traçado dos trilhos da antiga FEPASA em que eu viajava quando criança. Ouvindo falar em Bauru me transporta a minha infância. Na zona rural em Dracena, ali por volta da década 60 e 70 do século passado, o lazer dos meus pais e dos meus irmãos mais velhos era ouvir um programa direcionado à colônia japonesa na Bauru Rádio Clube. O programa era apresentado por Haruhiko Tsumura. Não sei se você ouviu falar, porque é muito mais jovem do que eu. Maurício, muito obrigado e Deus abençoe sua mãe.

  10. Nelson Sinzato @ 17 Ago, 2008 : 22:40
    Sr. Maurício, acrescento um pouco mais no meu comentário. Meus parentes aí em Bauru são pelo lado da minha mãe. São descendentes de Okinawa, da família Ohan, que virou Oão quando da entrada no Brasil, alguns primos trabalharam na feira. Meu irmão Paulo Sinzato teve uma padaria aí em Bauru há uns cinco anos atrás, antes de ir para o Nihon. Obrigado.

  11. Mauricio Nomura @ 19 Ago, 2008 : 08:37
    Nelson, agradeço pelas palavras! Seiq ue tenho de fazer muito mais pelos meus pais, pois amanhã, em breve, não pretendo ficar com remorsos de não ter feito mais. Lembro-me da rádio Clube, mas é bem antigo e esta rádio não existe mais. O recanto Shinohara fica na Rod. Mal. Rondon, e quando funcionava, eu gostava de ir lá, pois tinha uma boa área verde e vendia produtos de milho. É uma pena que fechou. Como eu nasci na feira, conheço muitos japoneses e também da descendência de Okinawa, apesar de lembrar muito mais de vista do que nos nomes. Na vila independência, existe uma das maiores colônias de japoneses Okinawa de Bauru, e a grande maioria trabalha na feira, principalmente na venda de pastéis. Caso necessite de algo por aqui de Bauru, pode deixar recado aqui, ou me enviar e-mail. Abraços, e tudo de bom pra vc é à sua família. Mauricio Nomura

  12. Miria Nomura @ 15 Jan, 2009 : 10:58
    Sr Mauricio, Por acaso o senhor tem alguns familiares na região de Jacarezinho no Paraná? Também sou Nomura mas perdi contato com toda minha familia já que meu pai veio de Jacarezinho para o RJ sozinho, casou-se aqui e faleceu 2 anos depois... Há anos procuro estes parentes do meu pai mas Nomura é um nome muito comum né.... mata né

  13. Mauricio Nomura @ 15 Jan, 2009 : 22:13
    olá! Eu não tenho parentes no Paraná... não que eu saiba!!! he he he... Tenho parantes no Nihon e em Mogi das Cruzes, por parte dos Nomuras. É.. Nomura é um pouco comum, como os Tanakas... he he he... Abraços e tudo de bom para vc!!! Mauricio Nomura.

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