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  Conte sua históriaSamantha Shiraishi › Minha história

Samantha Shiraishi

São Paulo / SP - Brasil
51 anos, jornalista

É hoje! Centenário da Imigração Japonesa.


É hoje. Dia do imigrante, festa do Centenário da Imigração Japonesa e, para mim, dia do aniversário do meu pai. Curiosamente ele, meu vínculo mais real com o Japão, é do dia em que se comemora a chegada do primeiro navio japonês ao Brasil. E meu pai, o tio Dinho (apelido de Eiji, nome que só tem em casa, porque nasceu na guerra e não pode ser registrado com pré-nome japonês), é um japonês de araque, como se diz, falsificado, do Paraguai. Apesar da carinha japonesa, do biotipo (baixinho, magro, olhinhos puxados) ele não faz questão de comida japonesa, não fala quase nada (entende um pouco) do idioma e já não tem mais nada da culturade seus pais. Dez anos atrás, quando comemoramos esta data em Tokyo e por coincidência era o domingo de dia dos pais lá, ele me pediu para fazer uma rabada de almoço. Pode? Pode sim, meu pai, como muitos filhos de imigrantes, é na verdade um brasileiro .

Creio que esta é a grande surpresa que os "japas" viveram ao chegar no Japão - a percepção de que mesmo japas aqui, eles (nós) são (somos) muito brasileiros - e a questão que a sociedade brasileira encara neste momento em que esta etnia completa cem anos aqui e coreanos completam 40 anos, alemães 150 anos, italianos cento e poucos, e portugueses sabe-se lá ao certo (brincadeira). Acima de tudo somos brasileiros!

No entanto, acho lindo e me emociono com as homenagens que a sociedade brasileira tem feito aos pioneiros e seus descendentes neste mês. Apesar de ser mestiça e neta de japoneses, cresci imersa nas atividades e bebendo valores e tradições da "colônia japonesa" no Paraná. Meu pai nasceu em Paraguaçu Paulista, mas passou a infância no Norte Velho paranaense, na cidade de Ribeirão do Pinhal, onde meus avós Sadanari e Matsuno se estabeleceram depois da Segunda Guerra Mundial. Nossas raízes brasileiras são da comunidade do norte velho e da região de Castro e Ponta Grossa (cidade natal de minha mãe, onde as famílias Dietzel e Hoffmann se estabeleceram com secos e molhados no tropeirismo do final do século XIX). Meus pais foram preletores da Seicho-no-Ie por 20 anos e as atividadades desta filosofia, junto a festividades no kaikan de Paranaguá e Rolândia, marcaram minha vida nikkei. Hoje, com meu marido trabalhando na Liberdade, numa empresa nipo-brasileira de recrutamento de dekasseguis, sou eu a pessoa que liga a família ao Japão. E, como um retrato da imigração japonesa no Brasil, é o Gui (brasileiro, descendente de italianos, espanhóis e portugueses) quem me ensina muito da cultura mais tradicional, do idioma, da etiqueta e da ética japonesas.

Posso repetir as palavras escritas hoje por outro blogueiro nikkei, pois meus familiares também "como os 781 japoneses pioneiros que estiveram a bordo do navio Kasato Maru, que em 18 de junho de 1908 chegou no porto de Santos trazendo os primeiros imigrantes que vieram ao Brasil, conseguiram, com muito trabalho e persistência, reconstruir suas vidas e deixar suas marcas por aqui. "

A história dos meus avós eu contei no ano passado, neste mesmo 18 de junho, num post intitulado Nada como um bom blend! e no meu perfil do Abril nos 100 anos da imigração. E o mundo dos descendentes eu tento retratar diariamente no blog Nihon Nikkei - Movimento Dekassegui.


Enviada em: 18/06/2008 | Última modificação: 18/06/2008
 
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Comentários

  1. Sílvio Sano @ 3 Jan, 2008 : 12:43
    O que se percebe aqui é que Sam, como gosta de ser chamada, muito simpática, por sinal (talvez uma das razões de eu ter me abdicado do Sam para retomar o Sano – rsrs), cumpre bem uma das causas que abraçou em prol dos dekasseguis, não apenas com informações trabalhistas, como também com reflexões sobre posturas cidadãs. A outra, a da mãe em prol da educação dos filhos não aparece tanto aqui, de forma justificada, mas quem a conhece sabe de sua dedicação, e com muito carinho, a essa causa, com a qual convive no dia-a-dia. Confira: http://samanthashiraishi.wordpress.com. Mas eu, que sou muito curioso sobre o tema que é escopo deste site, quero ler mais sobre o ditian Sadanori e suas aventuras pelo Mato Grosso, até por sua pouca idade quando veio ao Brasil (estaria completando a cota de alguma outra família, ou da própria?) e, bem como sobre sua relação (Sam) com os pais, tios e até avós de outras formações culturais diferentes, privilégio, aliás, que este país, de mais de 60 nacionalidades imigrantes, possibilita.

  2. Fátima Franco @ 8 Jan, 2008 : 14:47
    Oi, Samantha: estou elaborando um post sobre o Centenário e foi muito bom te encontrar aqui. Suas informações são ótimas e aí é que a gente descobre que desconhece taaaanto sobre o assunto. Abs

  3. Sam @ 9 Jan, 2008 : 13:12
    Silvio, que gentil comentário. Um gentleman, como sempre. Sim, estou devendo um texto sobre o Ditian Sadanori. Ele veio para cumprir uma cota, mas não vou contar, a história é boa e vale um texto especial. Minha relação com os tios (7 do lado paterno) e primos (perdi a conta de quantos são, pois os filhos dos primos é que são da minha idade, mas vou contar e fazer um texto sobre eles tb) é de aglutinadora, mantenho um blog privado onde postamos fotos uns dos outros para nos mantermos informados sobre o que se passa, chama-se Álbum de fotos da Batian Matsuno (Sutou) Shiraishi. Uma idéia que muitas familias poderiam adotar, pois tem nos aproximado, inclusive as gerações mais novas e distantes (filhos e netos de primos). Agradeço sua gentileza em escrever aqui e me provocar a lembrar de tantos temas. Abraços Sam

  4. Sam @ 9 Jan, 2008 : 13:13
    Fátima, que coisa boa encontrá-la aqui também! Assim que fizer seu texto me avise, quero ler. Abraços Sam

  5. Yassuda Renato @ 9 Jan, 2008 : 17:26
    Prezada Samantha; Admirei suas histórias e relatos. Por coincidência, além de ter um ancestral da mesma provincia dos seuss,também tenho uma prima filha de pai descendente de japones com mãe descendente de alemão, mas ela nasceu em Londrina-PR e hoje é médica no Rio de Janeiro. Gostaria que você pudesse ler minha história de vida também. Ficaria muito honrado. Obrigado.

  6. abilio @ 18 Jan, 2008 : 18:47
    verdadeira historia imin 100 esta nesse site www.imigracaojaponesa.com.br

  7. Caroline Yamaoka Hoffmeister @ 3 Fev, 2008 : 18:40
    Samantha... achei lindos seus textos e sua historia de vida... também sou decendente de japonês e alemão, mas no meu caso, meu pai é alemão... e olha só...também do Paraná heheh... um abração...espero ler mais coisas sobre você!

  8. Emanuelly Pereira de Andrade Paes @ 18 Jun, 2008 : 18:10
    Tikara e Keika,são japoneses,mas a Keika não parece ser, ela brasileira ou é japonesa mesmo?Mas também eu queria saber que dia que eles aparecerão nos gibis da turma da mônica?

  9. Toyoyuki Kaya @ 17 Jun, 2010 : 12:59
    Samantha, li atentamente a sua história, bem como da sua família. Muito legal! Constatei que fui colega do seu pai no Banestado em Curitiba. Gostaria de manter contato com êle. O meu e-mail: Toykaya@gmail.com Também, escrevi algumas coisas contando a minha história nessas páginas. Abraços.

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