Conte sua história › Ernesto Akito Kondo Komatsu › Minha história
Em abril de 1989, quando eu tinha 10 anos, meu irmão Augusto nasceu. Contudo, devido a complicações ocorridas durante o parto, ele teve de ficar internado durante 20 dias na UTI, e acabou ficando com uma seqüela cerebral. Aos seis meses de idade, ele ainda não conseguia movimentar os membros e tinha dificuldades inclusive para se alimentar. Sempre precisou ter acompanhamento de fisioterapeuta e fonoaudióloga.
Nesse mesmo ano, meu pai foi transferido (novamente) para Tóquio. Fomos morar em uma cidade chamada Sagamihara, na Província de Kanagawa. Comecei a ajudar os meus pais fazendo faxina, lavando roupas, fazendo compras no supermercado, e tudo o mais que estivesse ao meu alcance para que eles pudessem dar toda a atenção que o meu irmão precisava e merecia. Eu desejava profundamente que meu irmão conseguisse andar, falar, brincar... Foi nessa época que eu decidi que queria ser médico.
Eu comecei a cursar a 6ª série no Oonoshougakkou (大野小学校). A escola de lá era bem diferente, bem mais rigorosa. Pelo menos quando eu cursei, as aulas eram de segunda-feira a sábado; começavam por volta das oito e meia da manhã, e terminavam às três da tarde, exceto no sábado, quando eu era liberado ao meio-dia. Os alunos tinham de participar de pelo menos duas reuniões todos os dias com a professora responsável pela sala, antes do início e no final das aulas.
Também havia reuniões semanais com os colegas da mesma sala para tratar de assuntos diversos, por exemplo, organizar a faxina (souji) da escola (cada grupinho da classe era responsável por alguma área da escola), o festival de cultura, o undôkai (gincana esportiva). Felizmente não tive dificuldade para me adaptar. Nessa época comecei a treinar kendô, a arte marcial tradicional japonesa com espadas de bambu.
Infelizmente, em novembro do mesmo ano, meu irmão faleceu. Fiquei muito triste, porque queria ter sido capaz de curá-lo.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil