Conte sua história › Ernesto Akito Kondo Komatsu › Minha história
Em 1990, eu cursei o primeiro ano de “tyuugakkou” em Unomorityuugakkou (鵜野森中学校), equivalente à 7ª série do Brasil. Continuei me dedicando aos estudos e ao treino de kendô, que, por sinal, também era extremamente rigoroso. O condicionamento físico era obrigatório e, antes do início das aulas (na escola), eu tinha que correr durante 30 minutos gritando bem alto ("iti, ni, san, shi, go, roku, shiti, hati"). O treino de Kendô era à tarde, após as aulas. Durante os treinos eu precisava gritar ainda mais e eu realmente levava a sério! Dentre os membros do grupo, eu era um dos que gritava mais alto, tanto de manhã, enquanto corria, quanto à tarde, durante as lutas.
Em abril de 1991 meu pai foi transferido para Fukuoka-ken (em Kyushu, no sul do Japão). Minha mãe resolveu encerrar a série de migrações e retornamos ao Brasil, definitivamente.
Voltei a estudar no Pioneiro, onde cursei a 7ª e a 8ª séries. Levei um tempo para me acostumar com os costumes daqui. Eu repetia o que os outros falavam, algumas vezes porque eu não entendia, outras vezes para confirmar se havia entendido certo, usava roupas “fora de moda” e falava com bastante sotaque. O resultado foi uma série de adolescentes tirando "um sarro” desse japonês confuso. Apesar de hoje achar graça, foi uma época difícil para mim, principalmente porque sentia muita falta do meu pai.
Ao terminar o 1º grau, matriculei-me no Colégio Bandeirantes. O começo do ano foi muito bom porque tudo era novidade, conheci pessoas, fiz novas amizades. Porém, quando eu recebi o boletim do primeiro bimestre, levei um baita susto! Eu tinha 7 notas vermelhas, sendo a pior de língua portuguesa. Percebi que eu precisava estudar “pra valer”, caso contrário, seria jubilado. Virei “nerd”! Só estudava, lia jornal e escrevia redações quase que diariamente.
Nesta época comecei a praticar kendô em “Kabukan”, na Praça da Árvore, onde conheci o Harashima sensei. Ele foi uma das pessoas que mais me influenciou e ajudou espiritualmente. Além de me ensinar kendô, foi também mestre na escola da vida, transmitindo muitos ensinamentos que me ajudaram nas horas difíceis. Eu comecei a ir ao kendô não só para aprimorar as técnicas, mas também para ouvir seus conselhos.
Felizmente não fui reprovado nem jubilado do colégio. Consegui me formar! Prestei o vestibular para medicina, já que ser médico era o meu sonho desde a infância. Infelizmente não passei de primeira. Fiz um ano de cursinho no “Anglo” da Tamandaré e consegui ingressar na FMUSP (Faculdade de Medicina da USP) em 1995.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil