Conte sua história › Ernesto Akito Kondo Komatsu › Minha história
Eu, Ernesto Akito Kondo Komatsu, nasci em 01/11/1975, na cidade de São Paulo. Meu pai, Hyogen, japonês, nasceu na Província de Akita, situada a nordeste da ilha de Honshu e famosa por ser produtora de arroz. É o caçula dentre os nove filhos de Ryuzo e Yuri Komatsu. Após terminar o colégio nesta Província, ele se mudou para Tóquio, onde cursou a faculdade de agronomia e conseguiu um emprego na JAMIC (órgão do governo japonês que auxiliava os imigrantes japoneses que chegavam ao Brasil), que posteriormente passou a ser conhecida como JICA (Japan International Cooperation Agency), onde continuou trabalhando até se aposentar, em 2005.
Minha mãe, Patrícia, quarta filha de Akira e Hatsu Kondo, nasceu no Japão, na Província de Ibaragi, a cerca de 100 km a nordeste de Tóquio. Meu avô era dono de uma fábrica de lâmpadas, mas após a Segunda Guerra foi obrigado a fechá-la, decidindo imigrar para o Brasil, mais precisamente para Belém do Pará, trazendo consigo sua família, inclusive minha mãe, com cerca de 9 anos de idade. Viveram em Belém do Pará durante dois anos e migraram depois para São Paulo, onde minha mãe estudou e se formou na faculdade de letras. Posteriormente, através de uma bolsa de estudos, ela conseguiu fazer um curso na Universidade de Sofia, em Tóquio, retornando assim à sua terra natal, onde conheceu o meu pai.
Logo depois que minha mãe retornou ao Brasil, meu pai, coincidentemente, foi transferido para agência da JAMIC localizada na cidade de São Paulo. Eles se casaram e tiveram dois filhos: eu e minha irmã Fabiola.
Passado algum tempo, meu pai foi novamente transferido para o Japão. Assim, aos três anos de idade, fui morar, com a minha família, na Província de Gunma.
Quando completei 6 anos de idade, meu pai foi transferido mais uma vez para São Paulo. Voltei sem saber falar uma palavra em português. Fui estudar na escola Centro Educacional Pioneiro e me lembro vagamente que alguns meninos da classe diziam: “Coitadinho... não sabe nem falar português...”.
Lembro também que eu fiquei feliz quando minha mãe pediu um bloco de papel na papelaria... achei que ela iria comprar peças de brinquedo!!! (no Japão, naquela época, as peças do brinquedo que hoje conhecemos como Lego eram chamadas de “burokku”).
Fiz o curso primário de língua japonesa em casa, através de um curso por correspondência, com o auxílio do meu pai. Várias vezes eu queria brincar ou assistir TV ou filmes, mas só podia me distrair após terminar os deveres. Hoje, eu acho que valeu a pena ter estudado.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil