Conte sua história › Erika Yamauti › Minha história
Vivia a minha vida tranqüilamente. A minha família (pai, mãe e três irmãos) nunca teve uma ligação com a dita "colônia", e mantive distância durante a minha infância. Não sabia o que era um kenjinkai, nunca tinha entrado em um kaikan, mas, lá pelos 20 anos, senti falta de conhecer as minhas origens, entender um pouco melhor a minha essência.
Já tinha morado no Japão por dois anos, estava na faculdade de jornalismo, fazia trabalho voluntário, e li uma matéria no jornal São Paulo Shimbun falando sobre o Seinen Bunkyo, o Departamento de Jovens da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, que hoje é a Comissão de Jovens do Bunkyo. O ano era 1998, e decidi aparecer numa reunião.
A primeira vez em que entrei no prédio do Bunkyo, no bairro da Liberdade, confesso que me assustei. Até porque entrei na reunião errada, com um monte de velhinhos falando japonês! Só depois de um tempo percebi o engano. Conheci o pessoal do Seinen e, aos poucos, o Bunkyo foi virando a minha segunda casa (ou primeira casa, dependendo da época).
O meu primeiro evento no Seinen foi a Festa do Verde, da Sociedade Beneficente Casa da Esperança - Kibo-no-Iê, em Itaquaquecetuba. Limpei mesa, arrumei cozinha, ajudei no que pude. No meio daquela festa enorme, com muitos voluntários, comecei a perceber a força da união: somos mais fortes quando temos um objetivo em comum.
Aquele foi o primeiro de incontáveis eventos beneficentes, sociais, culturais, esportivos, de integração, treinamentos, campeonatos etc. Sou grata por isso, porque foram realmente muitos eventos, aprendi bastante, e não existe nada melhor do que ver o sorriso de uma criança, a alegria de um idoso, o agradecimento de uma pessoa carente. Esses pequenos momentos fazem a vida valer a pena.
Entrei na diretoria do Seinen em 1999, e desde então, fiz praticamente de tudo: RP, comunicação, marketing. Permaneci na diretoria até chegar à presidência, em 2004. Uma grande vantagem é que, dentro da entidade, você pode experimentar, tentar, errar, consertar, tentar de novo. Aprendi muita coisa na prática, e apliquei o conhecimento acumulado no trabalho voluntário e nos meus empregos remunerados.
Ser voluntário do Seinen Bunkyo significava passar o fim de semana todo enfurnado dentro do prédio, com reuniões e eventos que começavam no sábado de manhã, terminavam à noite, e recomeçavam no domingo! Era um ritmo muito difícil, não tinha vida fora do Seinen. Sei que conheci pessoas maravilhosas, que são companheiros de verdade, mas estava meio cansada. Então decidi me afastar, mas não durou muito tempo.
Em 2005, comecei a ajudar na organização do Festival do Japão, o maior evento de cultura japonesa do Brasil, que é realizado pelo Kenren – Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil. É um festival que consome meses de planejamento, mas é uma delícia, porque possibilita que mais e mais pessoas se apaixonem pela cultura japonesa.
Todo esse trabalho voluntário consome muito tempo, mas eu adoro literatura, culinária e músicas japonesas. Essa é a minha ligação com a cultura. Atualmente, continuo ajudando na coordenação do Festival do Japão e sou diretora do Ikoi-no-Sono (um asilo em Guarulhos).
Também sou voluntária da Associação para Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil desde 2005, e assumi a coordenação da parte de imprensa em 2006. Minha equipe é responsável por produzir todas as notícias e fatos relacionados ao Centenário.
É uma missão de muita responsabilidade, e me dedico bastante, porque o Centenário é uma data que vai reunir todos os corações (japoneses ou não) para homenagear os primeiros imigrantes e toda história da imigração japonesa.
Será uma linda celebração da cultura japonesa e uma oportunidade única para fazer a diferença (porque provavelmente não teremos uma festa de Bicentenário, e não estaremos vivos até lá...). Participe você também dessa grande festa, acessando www.centenario2008.org.br.
As opiniões emitidas nesta página são de responsabilidade do participante e não refletem necessariamente a opinião da Editora Abril
Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil