Conte sua história › Tieko Fujiye › Minha história
Vou contar um pouco da história da minha mãe, Hisako Fujiye. Ela nasceu em 1925, em Shizuoka, no Japão, filha de pescador e de dona de casa, na Família Sekiguchi. a vovó veio da família Shida.
Minha mãe contava sobre a vida que tivera antes deles virem para o Brasil, com muitas saudades, principalmente dos amigos que deixou lá.Como a grande maioria das famílias que vieram prá cá, eles também acreditavam no retorno ao Japão.
Lembro que minha mãe contava que minha avó sofreu muito na infância e na adolescência, quando conviveu com a madrasta, pois seu pai separou-se da mãe e os filhos ficaram com o pai, teve que trabalhar desde cedo em casas de outras famílias, até casar-se com o meu avô.
Vovó teve 8 filhos: Masa, Hisako(in memorian), Michio, Tamio(in memorian), Kazuko, Sakae, Yukio e Shizuyo.
Quando mamãe chegou ao Brasil, em 1934, os meus avós entraram como colonos nas fazendas do interior de São Paulo. Trabalharam nas lavouras de café, algodão e tomate. Passaram pelas cidades de Promissão, Cafelândia, Marília, até se fixarem em Água Doce, Juquiazinho, onde vovô comprou terras para ter a sua própria lavoura, já com os filhos crescidos, na década de 40.
Minha mãe também trabalhou na lavoura até se casar com o meu pai em 1948, no Município de Tapiraí.
Ela teve cinco filhos: Kazutora(1950), Tadahiro(1952), Hidenobu (1953-1983), Tizuru (1956) e Tieko (1962).
Os meu irmãos mais velhos nasceram em Tapiraí, eu e minha irmã na Capital.
O meu irmão conta que quando eles vieram do interior, acharam a cidade de São Paulo, linda, com as luzes nas ruas e casas. Nesta época, ela costurava para ajudar o papai.
Mamãe gostava muito de bordar, fazer tricô, crochê, fazia quadros com dobraduras de panos bordados, que aprendeu nos Cursos itinerantes que as senhoras faziam no interior de São Paulo, aprendeu a costurar, como a maioria das moças de sua época.Fazia pratos deliciosos. Bem diferente da minha avó paterna, dizia o meu pai, que ela veio ao Brasil, sem saber cozinhar e nem costurar, pois ela tinha empregados lá no Japão.
Ela adorava flores, até hoje tenho as orquídeas que ela cultivava. Gostava muito de conversar, conhecer pessoas diferentes, lugares, estava sempre com a casa cheia de amigos e parentes.
Ela foi sempre uma pessoa muito firme, só a vi chorar no falecimento dos pais e do filho.Tinha muita alegria em viver.
Em 1980, quando eu tinha 18 anos, ela começou a ficar doente, teve derrame cerebral. Mesmo assim fazia as atividades domésticas.Ficou em tratamento constante e viveu até 1990.
A lembrança que tenho dela é muito boa, a dedicação, a determinação e a disciplina que tinha e transmitia aos filhos, foi muito importante na minha formação.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil