Conte sua história › Tieko Fujiye › Minha história
Hoje ao completar dezenove anos do falecimento de minha mãe me recordo de como ela era firme nos seus propósitos, invejável nas suas relações pessoais e interpessoais, da sua época. Como já comentei ela não dominava a língua portuguesa, mesmo assim, ela se relacionava muito bem com as suas noras. Para ela não importava a cultura, a religião, apesar de ser muito religiosa, o que importava era o bem estar dos filhos. Nos recomendava para que elas fossem muito bem tratadas em casa, quando de suas visitas, pois pra ela assim os meus irmãos estariam quase sempre por perto, o que de fato acontecia. Mesmo durante a época em que ficou enferma, não largava as suas costuras. Sempre que podia costurava
lençóis, bordava, tricotava, fazia capas para futon (acolchoado) e as suas comidinhas deliciosas.
Além disso gostava de escrever muito em japonês. Por isso apesar de eu não ter frequentado a escola japonesa, aprendi algumas palavras e sei conversar um pouco em japonês. Na minha infância ela comprava livrinhos em japonês com histórias japonesas. Ela dizia que o saber não ocupava espaço e me recomendava para eu aprender a conversar, porque me achava muito quieta. Dizia também quem domina uma língua e a utiliza eficazmente poderá chegar a qualquer lugar.
Pensando sobre a cultura trazida pelos nossos antepassados e de algumas coisas aprendidas com a minha mãe, hoje estamos iniciando na Escola da Família da EE Anna Pontes de Toledo Natali, um projeto sobre a Cultura Japonesa para as crianças. Já estão inscritas várias crianças da escola e da redondeza. Com certeza estaremos incentivando a busca pelo conhecimento de mais uma cultura.
Como podemos ver, a força de vontade de uma mãe em transmitir a sua cultura se perpetua, mesmo após o seu falecimento. Isso nos traz uma reflexão muito grande sobre a importância e o poder exercido pelas mães, principalmente, as imigrantes.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil