Conte sua história › Tieko Fujiye › Minha história
Apesar de mencionar os meus irmãos, não contei a história deles aqui no site.
Vou contar-lhes sobre os meus três irmãos Kazutora, Hidenobu e Tadahiro inicialmente, porque eles nasceram e vieram da cidade de Tapiraí, Município de Juquiazinho, quando chegaram aqui na Capital, ficaram vislumbrados com as luzes da cidade, como conta o meu irmão que mora comigo o Tadahiro.
Nesses dias estávamos relembrando algumas histórias e passagens que tivemos em casa com os nossos pais. Ele conta que eles estudaram na Escola Japonesa Hinode Shogako no Bairro da Penha, estudavam na escola pública EE Prof. Caetano Miele, passavam quase o dia todo em escolas. Tiveram muita dificuldade em aprender a língua portuguesa, pois a minha mãe como já contei, não se adaptou a língua, nem aos costumes brasileiros e com isso todos conversavam em japonês, pelo menos em casa.
O meu irmão conta que ao chegar na escola brasileira, como diziam, não sabiam nem o que falar para a professora e nem aos colegas, portanto existia muita dificuldade na comunicação e na aprendizagem.
Por vários motivos, financeiros e de aprendizagem foram estudar profissões para enfrentarem o mercado de trabalho mais rapidamente.
O Kazutora meu irmão mais velho foi trabalhar com 14 anos como mecânico, em Pinheiros, onde ele trabalha até hoje, o Tadahiro como office-boy no Jornal do Sr. Yukio Fukimoto, mais tarde foi ser técnico-eletrônico, Hidenobu estudou no SENAI para ser torneiro mecânico,nenhum deles conseguiu chegar até a Universidade, embora tenha sido o sonho do meu pai. Por isso, eu e minha irmã Tizuru, não estudamos em escola japonesa, pois para o meu pai, o que contribuiu para que os meus irmãos não tivessem chegado à Universidade foi que eles estudaram na escola japonesa primeiro e não conseguiam dominar a língua portuguesa.
Mesmo assim a minha mãe teimava em ensinar algumas palavras e textos em japonês para as filhas, já que ela e acredito que o meu pai também, apesar dele negar, ainda tinham alguma esperança de voltar ao Japão algum dia, porque senão, qual o motivo deles nos cadastrarem no Consulado Japonês na época do nosso nascimento?
O meu irmão Tadahiro, por exemplo só trabalhou em firma de não orientais por duas vezes, nas empresas em trabalhou teve muito contato com japoneses. Ele conta que o Sr Fukimoto traduzia para o japonês as notícias dos rádios, escrevia e encaminhava para grandes empresas representadas aqui em São Paulo, como Mitsui, Kanebo, Matsushita, nas quais os jovens nisseis entregavam as notícias todos os dias.
O meu irmão Kazutora casou-se com Alice, filha de japonesa com brasileiro, têm quatro filhos.
O meu irmão Hidenobu, dos irmãos áquele que gostava de dançar,ouvir músicas em volume alto, um pouco diferente dos demais, não conversava muito, casou-se com Etina, brasileira de pais descendentes de portugueses, teve dois filhos o Freddy e a Katy, faleceu aos trinta anos.
No processo de adaptação posso perceber que tanto os imigrantes, como os nisseis tiveram muitas dificuldades na sua comunicação e no seu pleno desenvolvimento como cidadãos.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil