Conte sua história › Sabrina Sato › Minha história
Não sei como meus avós maternos, Sadao e Luiza, se conheceram. Nem sei se eles se casaram por miai. Mas eles se amavam muito, se respeitavam muito, estavam sempre juntos e se divertiam demais. Enquanto minha avó foi viva, ela e meu avô freqüentaram bastante a comunidade japonesa, iam muito ao kaikan e ao bondori. Éramos muito unidos. Minha família toda morava numa casa grandona lá em Penápolis (SP). Eu, meus irmãos e meus pais vivíamos na parte de cima da casa e meus avós, embaixo.
Minha avó Luisa era o centro da família. Eu ficava 24 horas por dia com ela. A gente era unha e carne. Minha avó costumava contar uma história para mim. Na infância, ela queria muito ter uma boneca, mas a família não tinha dinheiro para isso. Mas um dia, ela ficou internada no hospital, muito mal, com uma infecção no ouvido. Meu bisavô então pegou uma boneca emprestada numa loja e levou para ela brincar no hospital. Tadinha, quando ela voltou pra casa, teve que devolver a boneca para loja! Mas, apesar de uma vida difícil, ela era muito engraçada, sempre estava gargalhando, fazendo piada.
Meus avós eram meus padrinhos. Por isso, tive uma educação muito mais oriental do que ocidental. Quando pequena, freqüentava o kaikan. O interessante é que minha avó nunca me dizia para ser a melhor aluna da escola, mas a mais boazinha da classe, porque fazendo coisas boas, tudo de bom volta para você. Papai do Céu ajuda. Ela me ensinou a respeitar muito as pessoas mais velhas. Eu respeitava tanto, tanto, que tinha até medo de pedir as coisas para a professora e outras pessoas. Esse respeito aos mais velhos eu mantenho até hoje. Acho bacana.
Tem gente que fala para mim que os orientais são mais fechados, mais frios e que não têm papo com os filhos. Meus pais são psicólogos, não sei se isso interferiu de alguma forma. Mas mesmo com meus avós, sempre tive muito carinho e uma relação muito tranqüila, de dizer que ama, de demonstrar amor o tempo todo.
Depoimento à jornalista Renata Costa
Fotos: Everton Ballardin e arquivo pessoal de Sabrina Sato
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
Pânico se inspira em programas da TV japonesa
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil