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Com o término da 2ª Guerra Mundial, em 1945, Gen e a família mudaram-se para Lucélia (SP). Ele resolveu abrir um bar, com uma mesa de snooker. Lá a Sra. Takeko servia algumas refeições.
Nessa época, a cidade de Lucélia foi ocupada pelo exército, e os soldados guardavam o quarteirão dia e noite, passando fome muitas vezes, embora a Sra. Takeko os alimentasse.
Além dessa ocupação, descencadeou-se uma “mortificina” de japoneses, pois o grupo chamado de “Shindo-Remei”, formado por japoneses que não aceitavam a derrota do Japão na 2ª Guerra Mundial, decretou a sentença de morte dos “Haisen", grupo a que Gen pertencia, cujos membros eram tidos como traidores da pátria, pois afirmavam que o Japão havia perdido a Guerra.
Como artista plástico autodidata, o Sr. Gen havia feito um desenho fotográfico do Presidente Getúlio Vargas. O Exército e a Polícia Federal levaram o quadro, que foi visto em 1951, pela Sra. Takeko, na Delegacia de Polícia de Presidente, mas ela não pode revê-lo, pois os artistas da época não assinavam as obras. Na delegacia, afixaram uma placa com os dizeres: "Nesta casa só se fala português”.
Em virtude dessa perseguição, os filhos foram impedidos de manter a tradição, inclusive estudar e falar japonês, sofrendo inclusive discriminação na escola por parte dos brasileiros.
O Sr. Gen tinha um amigo que era dentista, que também havia recebido a sentença de morte. Um dia, no consultório dele, apareceram dois pacientes, um com o rosto enrolado, simulando dor de dente e o outro com o braço na tipóia. Quando o paciente sentou-se na cadeira, o dentista desconfiou e, disfarçando abrir uma gaveta, pegou um revólver e matou os dois dentro do consultório. Ao examinar os cadáveres, verificou que o homem que estava com a tipóia tinha escondido um revólver.
Como havia recebido a sentença de morte do “Shindo-Remei”, o Sr. Gen fugiu deixando a família em Lucélia. Ele costumava se corresponder com a esposa em código para não revelar o local de seu esconderijo.
Com a prisão dos chefes do “Shindo-Remei”, que foram deportados, a família pôde se reunir novamente em Santo Expedito (SP), ficando em Lucélia os irmãos Antonio e Shiguel na casa de amigos, pois estudavam na época e tinham que terminar o ano letivo.
Santo Expedito era um patrimônio de Alfredo Marcondes, que, por sua vez, era município de Àlvares Machado.
Texto escrito por Shiguei Hasegawa, com colaboração de Mariana Hasegawa”.
Natal de 1973
Natal de 1973
Natal de 1973
Natal de 1973
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil