Conte sua história › Hiroyuki Hino › Minha história
Dar comida aos porcos foi a minha primeira tarefa. No chiqueiro havia mais de 100 porcos, a maioria preta; achei estranho, pois, o animal que conheci no Japão era branco. Outra tarefa era levar marmitas para as dezenas de trabalhadores da fazenda (camaradas) de cavalo; de vez em quando o animal recusava-se a andar, atrasando, assim, o almoço.
Na fazenda do “”ojiitcham” tudo era novidade para mim: café, amendoim, algodão, milho, cavalo, boi com um “grande caroço” nas costas, galinha de pescoço pelado, etc. Para meus pais, esse era um verdadeiro local de treinamento sobre a agricultura brasileira, cuja prática era muito diferente no Japão. Meu pai sofria muito para controlar o burro para arar a terra, bem como para manejar a enxada. A capinação do cafezal era muito fatigante devido à alta umidade e temperatura. Minha mãe, em muitas ocasiões, queixava-se do trabalho duro no cafezal e dizia sempre que deveria ter ficado no Japão.
Em fevereiro, o meu tio resolveu matricular-me e aos meus dois irmãos mais novos na escola. Como não sabíamos falar português, fomos todos matriculados na mesma 1ª série, numa escola rural, localizada a aproximadamente 2 km da casa. Com isso, tive quatro anos de retrocesso na escolarização (no Japão estava na 4ª série). Nos primeiros meses, não entendia nada do que o professor falava.
O livro adotado na escola era O Caminho Suave”, cujas primeiras lições tive que decorar todas. Depois de 6 meses, já era possível conversar com o professor e com os colegas da classe. No final do ano, somente eu fui promovido para a série seguinte. Achei a escola muito diferente das no Japão - uma sala e um único professor lecionando para três séries ao mesmo tempo; não havia biblioteca, anfiteatro, merenda escolar, campo esportivo e nem piscina.
As opiniões emitidas nesta página são de responsabilidade do participante e não refletem necessariamente a opinião da Editora Abril
Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil