Conte sua história › Hiroyuki Hino › Minha história
Estivemos por aproximadamente uma semana numa pensão em Santos, a fim de regularizar uma máquina de extração de óleos vegetais junto à alfândega. Como o processo de regularização ia demorar alguns meses, “ojiitchan” achou melhor seguirmos para sua casa, no município de Junqueirópolis, onde tinha uma fazenda de café.
Viajamos até São Paulo de trem, subindo a Serra do Mar, puxado por outro trem. De São Paulo, outra longa viagem de trem (2ª classe) até Marília, onde embarcamos no caminhão, rumo à sua casa.
Na casa, minha “obaatchan” (avó) e meus tios nos aguardavam com ansiedade, pois era o primeiro reencontro de minha mãe com minha “obaachan”, após 29 anos de separação. Fiquei surpreso com tantos parentes no Brasil: três tios e quatro tias, além de tios-avôs e muitos primos. A conversa entre meus pais e parentes se prolongou até altas horas da noite.
Na manhã seguinte, fomos conduzidos até o nosso novo lar que ficava a aproximadamente 200 metros da casa do “ojiitchan”. Era uma pequena casa de tábua, equipada com uma cozinha com fogão a lenha, uma sala e apenas um quarto; a água era coletada num poço que tinha mais de 30 metros de profundidade. Não havia luz elétrica. O tio Terashi forneceu-nos algumas lamparinas a querosene e me ensinou como construí-las utilizando latas de óleo comestível, vazias. “Obaatchan” e tias ensinaram minha mãe a preparar comidas brasileiras. Lembro-me que “ojiitchan” gostava de cachaça. Quando ele bebia, rapidamente se embriagava e nos chamava para um interminável sermão.
No início, estranhei muito a comida brasileira, principalmente a mistura de arroz gorduroso e feijão com forte cheiro de alho e gordura de porco. Quanto às frutas, eu as adorava! Especialmente a banana (fruta muito cara no Japão) e o abacaxi. Durante muito tempo não consegui comer manga nem mamão, devido ao forte e desagradável odor, para mim, na época.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil