Conte sua história › Hiroyuki Hino › Minha história
A viagem ao Brasil, no navio Brazil Maru demorou cerca de 45 dias, de Kobe a Santos. Aportamos em Yokohama e, em seguida, o navio seguiu para Los Angeles, nos EUA. A viagem pelo Oceano Pacífico durou aproximadamente duas semanas e, durante todo esse tempo, só se via água por todos os lados, com enormes ondas que balançavam o navio. Em algumas situações, até parecia que o navio ficava no fundo do oceano. No porto de Los Angeles, fomos recebidos pela multidão de americanos que doaram roupas e doces às crianças.
No dia seguinte partimos para República Dominicana, atravessando o Canal do Panamá. Na travessia, meu amigo, um rapaz universitário, me contou que muita gente morreu na construção do Canal. Ao chegar à República Dominicana onde desembarcaram algumas famílias de imigrantes, compramos um cacho inteiro de banana, porém não sabíamos que a banana ainda estava verde. Um vizinho nos explicou que era preciso pendurá-la para que ela amadurecesse; mas a banana foi parar no lixo, pois acabou apodrecendo durante a viagem.
Da República Dominicana, seguimos para a Venezuela. O meu amigo universitário me levou para visitar a cidade de Caracas, de táxi. A próxima parada foi no porto de Belém. O navio navegou pela foz do rio Amazonas até a proximidade do Porto de Belém e parou. Uma pequena embarcação encostou ao lado do navio e nela desembarcaram algumas famílias que se seguiram para Belém. Fiquei feliz ao tomar banho de água doce, apesar de suja, do Rio Amazonas, pois, desde o início da viagem, só nos banhávamos em ofurô abastecido com água salgada do mar.
Ao passar pela Linha do Equador, houve uma festa de “Sekidô-Matsuri” na qual meu irmão Koji se fantasiou de peixe, o que foi muito engraçado e divertido. Comemoramos também o “Oshougatsu” (Ano Novo) no navio.
No Recife, experimentei pela primeira vez a Coca-Cola. Não gostei da bebida, por ser gasosa demais. Quando o navio chegou à costa do Rio de Janeiro, de longe, avistei uma faixa bem comprida e branca, que me pareceu uma parede de rochas, mas ao se aproximar, percebi que era um conjunto de prédios da praia. No Rio visitamos a Praia da Copacabana e Corcovado.
No dia 16 de janeiro de 1957, finalmente o navio atracou no porto de Santos. Estava chovendo. Enquanto aguardávamos o desembarque, olhei pela escotilha do navio, avistei um senhor baixinho olhando o navio, junto dele estava um rapaz que o cobria com um guarda-chuva. Logo notei que eram meu avô Nobuo e meu tio Terashi, que conhecia só através de fotos. Gritei alto “ojiitcham” e ele me acenou. Esse foi o primeiro encontro com nossos parentes no Brasil.
As opiniões emitidas nesta página são de responsabilidade do participante e não refletem necessariamente a opinião da Editora Abril
Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil