Conte sua história › Kelly Tiemi Nagaoka › Minha história
Jogo tênis de mesa desde os seis anos. Minha base foi formada com a ajuda de diversos técnicos. Um dos mais marcantes foi o técnico Maurício Kobayashi, que formou grandes atletas, como Hugo Hoyama e Cláudio Kano. Após conseguir bons resultados em torneios, aos 10 anos, fui uma das escolhidas para integrar o seleto grupo de atletas do treino da tarde da ADR Itaim Keiko.
Meus dois irmãos mais velhos, Luiz e Eric, começaram os treinos comigo, mas deixaram logo. Eu continuei. Sinceramente, acreditei que não iria agüentar. Ainda uma criança, treinava de segunda a sexta, das 14h30 às 19h. Nas férias, os treinos eram em dois períodos, incluindo o horário das 9h às 12h. Ainda tinha dias que antes do treino da manhã íamos correr no Parque do Ibirapuera. Na maioria dos fins de semana havia torneios. No começo também minha mãe Satomi era quem me incentivava e estava sempre comigo no torneio ao lado da amiga Minako Takahashi (presidente na época do clube), torcendo e me apoiando.
Os resultados foram aparecendo. Em 1993, aos 13, fui vice-campeã dos Abertos dos Estados Unidos. No mesmo ano, ainda na categoria infantil, consegui a vitória no Sul-Americano Infantil em Poços de Caldas (venci uma venezuelana na final) e a classificação para o Latino-Americano Juvenil, em Guatemala. Foi bom, pois ainda infantil consegui o 3º lugar no individual entre as juvenis. No ano seguinte, recebi o convite para fazer o estágio de três meses na companhia Butterfly em Tóquio. Adolescente, aprendi muito com as broncas dos japoneses em relação à disciplina e horário.
Em 1995, mais uma vitória no Sul-Americano Juvenil na Venezuela e novamente uma final contra uma venezuelana. Último jogo do torneio, lembro que estava muito cansada, e na semifinal contra uma argentina nem bater bola conseguia direito. Todos diziam que a campeã seria uma venezuelana. Parecia que já estava tudo certo. As venezuelanas tinham muito mais força e contavam com a ajuda da torcida da casa. Por isso, foi inesquecível vencer este torneio, que até rendeu matéria no jornal em que trabalho. Quem fez a reportagem foi o nosso atual editor, Helder Horikawa.
Na final, perdi o primeiro set e no segundo set perdia por 17 a 9. Pela primeira vez na carreira esportiva, recebi um cartão amarelo por demorar a sacar. Joguei ponto por ponto, busquei e venci por 21 a 18. No terceiro set, 21 a 14. Um dia de superação inesquecível!
Em 1996, surgiu mais uma oportunidade de crescimento. Fiz um estágio de dois meses em Xangai, na China. Eu e a mesa-tenista Ayumi Suenaga fomos as primeiras a iniciar o intercâmbio entre o clube Itaim Keiko e a China. O combinado era ficarmos um mês. Surgiu a oportunidade de poder permanecer mais um mês. Minha amiga Ayumi preferiu voltar e deixou o esporte logo em seguida.
Era um espetáculo ver os treinos das chinesas. Treinávamos de segunda a sábado, das 8h às 11h e das 15h às 17h30, e alguns domingos na parte da manhã. As garotas de 12 a 18 anos eram as melhores da região e moravam juntas. Estudavam somente uma vez por semana. Apesar desta dedicação, nenhuma chegou à seleção chinesa.
Morava na casa do técnico. Cerca de cinco meses depois da minha volta ao Brasil, consegui a classificação mais significativa de minha carreira: o Mundial na Inglaterra, em 1997.
Após viagens para mais de dez países e estágios na China e Japão, deixei os treinos diários no esporte quando iniciei a faculdade de jornalismo, em 2001.
Hoje ainda vou bater bola de vez em quando. É uma diversão que me acompanhará pelo resto da minha vida.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil