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Jum Nakao

São Paulo / São Paulo - Brasil
58 anos, Estilista e diretor de criação

Do colegial técnico para as passarelas


Os estilistas geralmente contam: "Eu tinha boneca, ficava fazendo roupas para elas"; "sempre gostei de desenhar vestidos"; "minha mãe mexia com panos e costurava". Nunca vivi nada disso. Quando optei pelo colegial técnico, na Escola Técnica Industrial Lauro Gomes, em São Bernardo do Campo, achava que a eletrônica e a informática que estavam surgindo seriam uma grande interface para eu criar e recriar projetos. Ainda não tinha noção de como seria a minha obra, do que eu produziria com aquilo, mas eu queria entender, queria desmontar as máquinas, criar equipamentos, ambientes virtuais. (Veja o vídeo em que Jum conta como descobriu a moda em sua vida)

O colegial, entretanto, foi uma frustração como ensino. Era muito formatador, não trabalhava as diferenças, mas a igualdade. Os colegas de classe tiravam sarro da minha cara porque eu vivia atrasando as aulas, perguntando aos professores a origem das fórmulas. Até me chamavam de "Qual é a origem". As pessoas estavam lá para decorar, não para questionar, refletir.

Finalizei o curso e comecei a buscar algo mais próximo das pessoas, alguma coisa que trabalhasse a relação delas com o mundo de forma concreta. Aí, veio a roupa. Afinal, ela é a primeira interface que existe entre você nu e o exterior, a sua segunda pele, aquilo que te identifica, te define. Vi que poderia usar a moda como um espaço de experimentação, interferir nessa relação do indivíduo com o entorno.

Tinha 17 anos na época. Como ainda não havia faculdade de moda no Brasil, fiz cursos de costura e modelagem. Mas o ensino era tão burro quanto o do colegial técnico: davam um monte de bases e diziam "esse é o traçado de uma saia", "esse, de uma calça". Eu queria saber por que havia tal inclinação, como funcionava aquilo.

Foi então que descobri o CIT (Coordenação Industrial Têxtil), que reunia empresas associadas do setor e mininstrava cursos de moda aos seus funcionários. Liguei para lá e consegui permissão para assistir a algumas aulas. Gostei tanto que passei a ir todos os dias, mesmo estagiando em uma empresa de processamento de dados, para conseguir o diploma do colegial técnico. Com a minha freqüência diária – que era proibida, já que não tinha vínculo algum com os associados –, precisei escrever uma carta ao presidente da Rhodia pedindo um estágio, apenas para continuar nas aulas. Acabei virando bolsista da empresa, sem precisar fazer nada, e finalizei os cursos. Como lá estava a nata dos profissionais do mercado, fiz um network importante de contatos e comecei a trabalhar na área. Até hoje, não fui buscar o meu diploma de técnico de eletrônica.

Depoimento ao jornalista Márcio Oyama
Fotos: Everton Ballardin e arquivo pessoal de Jum Nakao
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
Site de Jum Nakao: http://www.jumnakao.com.br>


Enviada em: 27/11/2007 | Última modificação: 06/02/2008
 
 

Comentários

  1. Sofia Nanka Kamatani @ 28 Nov, 2007 : 20:12
    Prezado Jum Li a sua descrição da vinda dos seus avós ao Brasil em busca do "Eldorado", me fez lembrar a minissérie Haru e Natsu, é uma minissérie que tanto descendentes ou não descendentes devem assistir para compreender melhor,como foi uma parte da História da Imigração Japonesa. Rumo ao Centenário acredito que é o dever de cada um de nós deixarmos o registro para as futuras gerações. Um forte abraço de quem admira o seu trabalho, pela ousadia em acreditar no projeto e da descoberta do "Eldorado da moda".Parabéns! Sofia Nanka Kamatani graphic designer

  2. Lizimar @ 29 Nov, 2007 : 22:43
    Caro Jum LI Que barra, ficar orfã logo na chegada em um País novo sem conhecer uma pessoa se quer nossa parabéns pela força de sua familia. E Parabéns pelo seu trabalho que admiro

  3. Pollyana M. P. Fujiwara @ 11 Fev, 2008 : 21:48
    Sua descricao de eldorado e de todas as dificuldades que sua familia passou sao descricoes atualizadas de tudo nos brasileiros passamos hj no japao .Impressionante que depois de tantos anos os papeis se invertam e o sofrimento continua entre esses dois povos, mais impressionante ainda que mesmo depois de tanto tempo as pessoas ainda tenham que passar por tanta coisa em busca de uma vida melhor ..... Estou no japao a dois anos e ainda tem coisas que sao muito dificeis pra nos brasileiros no japao, estou passando pelas mesmas coisas so que no caminho inverso

  4. Bianca @ 25 Jun, 2008 : 18:53
    Menino do céu, que coisa mais linda você. Tem tempo que quero te dizer isso. queria usar o vídeo da costura invisível para uma disciplina de semiótica. como faço para conversarmos sobre? Um abraço: Bianca www.flordebelalma.blogspot.com

  5. japa pobre @ 25 Set, 2008 : 02:59
    sou fã dele

  6. Carolline @ 8 Jun, 2010 : 07:56
    gostei muito de sua hitoria,meu sonho é ser estilista mas não encontro nenhuma escola tecnica nem estagio . então ,o que o senhor acha que devo fazer?

  7. ridete recife @ 11 Jul, 2010 : 05:01
    Jum é exemplo de ser humano a copiar. Cada vez q entro em contato com o seu mundo, aprendo sempre alguma lição. Assim, vou tentando lapidar a minha alma p/a quem sabe um dia conseguir torná-la grandiosa com a do meu querido Jum.

  8. ridete @ 11 Jul, 2010 : 05:54
    Jum é exemplo de ser humano a copiar. Cada vez mais que entro em contato com seu mundo, aprendo sempre alguma lição. Assim, vou tentando lapidar a minha alma p/a quem sabe um dia conseguir torná-la grandiosa com a do meu querido Jum.

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