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Otávio Omati

São Paulo / SP - Brasil
51 anos, médico

Trabalho sem fronteiras, como médico


Em 2005, meu grande sonho se realiza. Vou ser um voluntário internacional da organização não-governamental Médicos sem Fronteiras, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 1999. Primeiro vou para a Indonésia, numa região que havia sido afetada pelo tsunami alguns meses antes e que, em conseqüência, ficara isolada, sem acesso aos serviços de saúde. Do helicóptero eu podia ver navios atravessados no meio da estrada, como se fossem peixes que tivessem saltado para fora do aquário. As pessoas, ainda assustadas com a ira dos deuses.

Dois meses depois, um grande terremoto atinge a região da Caxemira, no Paquistão. Sou transferido para lá e, de um dia para o outro, lá estou eu, no meio dos escombros, do povo em desespero. Mas somos recebidos tão calorosamente... Trabalho árduo, cirurgias dentro de barracas de campanha, frio, banho geladíssimo, mas nada comparado às perdas que as pessoas tiveram. Cada sorriso, cada abraço, cada xícara de chá com leite e muito açúcar, cada somossa (pastelzinho de legumes), cada aperto de mão que recebi das pessoas vão ficar para sempre guardados em minha memória.

No anos seguintes, novas aventuras, agora pelo continente africano. Sudão, Chade, Somália e República Democrática do Congo. Ali, as catástrofes não são naturais; são causadas pelo próprio homem, sempre em busca de riqueza e poder. Vi guerras entre países, entre tribos, entre clãs. Vi crianças se tornarem soldados. Vi crianças se tornarem mães. Países arrasados por estas guerras.

Mas também vi muita gente forte, com garra, solidárias, generosas e que conseguem ser felizes apesar de todas as dificuldades que a vida lhes impôs. Ficavam encantados em ver um brasileiro jogando bola, ao vivo, bem na frente deles. Um brasileiro com cara de japonês, mas brasileiro.


Enviada em: 14/11/2007 | Última modificação: 14/11/2007
 
Mudanças: nova profissão e a busca pelas raízes »

 

Comentários

  1. Elke @ 15 Nov, 2007 : 15:46
    Adorei Tavinho! Os relatos do seu avô são um tesouro,... assim como essa deliciosa mistura que é a nossa vida de gerações e gerações de imigrantes. Vou querer uma ajuda para montar o roteiro da minha viagem ao Japão, heim?! bjos

  2. Ivi Paula @ 26 Nov, 2007 : 17:14
    Olá Otávio!! Muito bonito e comovente seu relato, parabéns pela nobre profissão que escolheu!!! Beijos!

  3. Sichão @ 26 Fev, 2008 : 00:46
    Tavinho!!! Quanto tempo!!! Lembra de mim? Tava lendo meus e-mails e recebi um da editora abril pra entrar nesse site! (não sei como eles sabiam q sou descendente) e comecei a ver fotos e histórias e nessa encontrei vc! Nossa! Adorei sua história e suas fotos! Parabéns! Felicidades! bjs

  4. Tati @ 31 Mar, 2008 : 14:52
    Oi, gostei d sua historia... meu pai tbm nasceu em Bastos.. meus avôs quandu vieram foram tbm pra Bastos tentar a vida lah.... bjuss

  5. Elisa K. @ 10 Abr, 2008 : 02:05
    Prezado Otávio, fico feliz ao conhecer um ativista como vc, de uma organização tão importante qto a de Médicos Sem Fronteiras. Faço minhas contribuições anuais, modestamente, a essa organização tão importante e emergente. Me fez feliz ao constatar que ainda há médicos com estes ideais, em tempos como estes. Um abraço.

  6. Rita de Cássia Arruda @ 11 Abr, 2008 : 07:30
    Otávio: Você é um brasileiro nota mil. Se tivéssemos mais pessoas como você, por aqui, nosso país certamente seria muito melhor. Seu trabalho junto a ONG Médicos Sem Fronteiras é louvável. Tenho certeza que aquelas pessoas com quem você tomou café, jogou futebol e cujas vidas salvou jamais se esquecerão de você. O diário de seu avó é uma preciosidade. As demais histórias que você contou aqui, comoventes. Obrigada por dividir conosco suas memórias. Parabéns pelo exemplo de vida !!! Um abraço.

  7. Klissia Tiba @ 1 Jul, 2008 : 10:37
    Otávio, parabéns pelo trabalho. Muito bom mesmo, o mundo seria bem melhor se todas as pessoas, ou pelo menos metade delas, fossem como vc. Um abraço.

  8. Juliana Hayakawa @ 16 Ago, 2008 : 12:50
    Olá Otavio! Não pude deixar de relatar a minha admiração por sua história e pelo seu trabalho! Acredito que todos nós descendentes temos uma história emocionante de nossos antepassados. É uma pena que na maioria das famílias estes fatos foram se perdendo...Este diário é precioso! É admirável o seu trabalho neste mundo em que vivemos. A luta por todos e pela vida! Parabéns!

  9. luceliaviana06@hotmail @ 30 Out, 2008 : 22:16
    olà Otavio não miconhece sou de loge parabeis vc merece .não sei se vc conhece macapá eu estou a procura um tratameto para mielomeningocele pois não tei cura se você sube e alquama coisa made para mim.gotei muito da sua hetoria

  10. Edison Norio Iwama @ 26 Mai, 2009 : 03:29
    Oi Otavio Omati Também sou médico e trabalho em Londrina – Pr. Observei que sua mãe, a Sra Fusae IWAMA Omati, possui como sobrenome IWAMA, gostaria de saber qual é a relação com a minha família, mesmo que distante. norio@sercomtel.com.br

  11. Tatiana @ 30 Mai, 2009 : 12:16
    putz cara essa visita ao seu perfil determinou minha vida cara,Omedetou Gozaimasu

  12. Silvio Sano @ 1 Jun, 2009 : 09:27
    Prezado Otávio. Parabéns pela sensibilidade, percepção e, principalmente, humildade ao relatar-nos sua história a partir do inestimável diário do ojiichan, que o levou a buscar se encontrar. Sensibilidade está em sua releitura do diário do ojiichan; percepção, na troca de carreira e no voluntarismo humanitário (Médicos Sem Fronteiras); e, humildade, pela narrativa que, por certo o transformará num multiplicador daquele sentimento muito raro, hoje em dia, da solidariedade. Um grande abraço.

  13. Jorge Santos @ 23 Mar, 2010 : 10:04
    Não tenho qualquer origem japonesa, mas curiosamente meus melhores amigos de juventude e faculdade foram japoneses. Tenho uma afeição especial por esse povo que com certeza semearam em nossa cultura princípos sadios de honestidade, trabalho, lealdade e amor. Otávio, embora tardiamente eu tenha lido essa matéria, se você ainda estiver lendo as mensagens que com certeza continuam te enviando, quero lhe expressar a profunda gratidão e respeito que tenho por vocês japoneses. Não sou médico, sou engenheiro, mas seu belo exemplo tocou fundo em mim e espero que possa penetrar fundo no coração de todo aquele que persiste em demontrar tanto amor ao próximo, movendo-nos a imitá-lo seja qual for o rumo que tomamos na vida. Obrigado, e embora não o conheça, tomo a liberdade de acrescentá-lo no rol dos leais amigos japoneses que tenho.

  14. Takeshi Misumi @ 23 Mar, 2010 : 14:22
    Caro Otávio Omati, Que leitura agradável! Num estilo simples, voce consegue levar o leitor à reflexão profunda. Admiro o respeito que voce tem pelos seus ancestrais. “Seguindo seu exemplo, espero chegar um dia a ser o grande homem que ele foi”. Quanta sabedoria! Voce já é um grande homem. Primeiro por perseguir o seu ideal a qualquer custo. “... decidi largar tudo e fazer algo totalmente diferente e ir atrás de um sonho.” Segundo por ter conseguido realizar o seu sonho. As realizações na Ásia e na Africa dizem tudo. Por favor continue escrevendo mais neste site.

  15. Patrícia @ 6 Jun, 2010 : 07:21
    Parabéns pelo seu trabalho e pela sua história de vida. Por favor, continue escrevendo mais para este site. Um grande abraço.

  16. Michele @ 9 Jun, 2010 : 11:57
    Olá Dr. Otávio Omati, gostaria de parabenizá-lo por dividir sua história conosco. Foi muito interessante ver que você tem respeito pelos seus ancestrais que hoje, infelizmente, isso está se perdendo. Foi admirável quando você disse que que queria estudar medicina e se dedicar um pouco mais aos outros, isso mostra que você tem um sentimento de solidariedade que, atualmente, é muito raro. Por favor, seja solidário aos nossos pedidos e continue escrevendo neste site. Um abraço.

  17. Maria Paula @ 13 Jun, 2010 : 07:06
    Virei sua fã. Escreva mais neste site.

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