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  Conte sua históriaMiriam Hirata Karassawa › Minha história

Miriam Hirata Karassawa

São Paulo / São Paulo - Brasil
69 anos, Psicóloga

Um pouco da história. . .


Os nossos Oditian e Obatian chegaram ao Brasil:

Família Karassawa chegou em 29.06.1910, no vapor Ryojun Maru.
Família Hirata chegou me 11.05.1914, no vapor Teikoku Maru.
Família Aoki, chegau em 19.09.1925, no vapor Manila Maru.

O tempo da viagem do Japão até Santos era de 50 a 60 dias. As instalações eram muito precárias e as condições sanitárias do vapor, favorecia o aparecimento de epidemias entre os passageiros.

Nossos Di e Ba chegaram na Hospedaria de Imigrantes (atualmente Memorial do Imigrante/ museu da Imigração), localizada no Brás, beirando a linha da estrada de ferro São Paulo Railway. Essa instituição era encarregada de receber, hospedar e encaminhar para o trabalho nas fazendas de café e núcleos coloniais.

Depois de alguns dias na Hospedaria, acertados os contratos de trabalho com os fazendeiros, novamente embarcavam em trens que os conduziram às fazendas de café no interior do Estado.

No caso da família Karassawa seu destino foi Amparo.
A família Hirata e Aoki não se sabe o destino, e como nossos Di e Ba não estão mais presentes, precisamos pesquisar mais...

Como não tinham a intenção de se fixar no Brasil; seus objetivos eram reunir dinheiro e retornar ao seu país.
Eles chegaram cheios de esperanças às fazendas e constataram a grande diferença entre a propaganda e a realidade. As condições de trabalho, o choque cultural e os maus tratos impediram a realização dos objetivos iniciais.

Estava estipulado em contrato que cada imigrante receberia no Brasil de 70 a 100 mil réis, por ano, por cada mil pés de cafés tratados, acrescidos de um pagamento proporcional à quantidade colhida. Cada contrato tinha validade de um ano. Para conseguir um bom rendimento, cada colono teria de colher cinco sacos de café por dia, por três pessoas da família; e como era difícil colher dois sacos por três pessoas da família, o que teriam como pagamento pelo trabalho seria muito pouco.

A jornada de trabalho era do clarear do dia até a noite e, as reclamações não eram só pelo horário. Reclamavam também, das proibições, das limitações e pelo fato de trabalharem sob fiscalização.
Uma das formas de trabalho foi em terras arrendadas, trabalhavam como formador de cafeeiros. O trabalho consistia em derrubada da mata, queimada e limpeza da mata, o plantio, limpeza, colheita, secagem e beneficiamento de café semeadura.

Quanto à habitação, foram obrigados a morar em casas toscas, de pau a pique e chão de terra batida. Não existiam banheiros nas casas e na colônia. As camas eram improvisadas com galhos secos e palha de milho como colchão. Para cozinhar usavam duas pedras para equilibrar a panela.

Os alimentos básicos tinham de ser adquiridos nas vendas das fazendas, cujos preços eram mais elevados do que em outros estabelecimentos. O que se podia comprar nas vendas era o arroz, que cozido com banha de porco, ficava solto (diga de passagem... eles não gostavam) feijão, sardinha salgada, bacalhau, carne seca (o que eles nunca tinham visto!!). Nossas Ba não sabiam como cozinhar esses alimentos. Não havia como comprar verduras, alimento importante na alimentação japonesa. Comiam, então, mamão verde, maxixe, chuchu, caruru, que eram os alimentos fáceis de encontrar.

A má alimentação houve subnutrição provocando até a morte de crianças. A diarréia, causada pelo parasita ameba e a malária, acometiam nossas famílias. Havia também o bicho de pé, que penetrava entre a unha e a carne dos dedos dos pés provocando coceiras.

A partir de 1910 a colônia japonesa começou a dedicar a outras culturas além do café.


Enviada em: 05/03/2008 | Última modificação: 05/03/2008
 
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Comentários

  1. Ioshiko Mizusaki Imoto @ 20 Fev, 2008 : 07:30
    Miriam , fiquei feliz por conhecer um pouco mais da família Karazawa, pois convivemos com todos eles a partir do Sr Togi e Dona Ayako que sempre admiramos e respeitamos. A Loja Karazawa era uma referência na região , era onde encontrámos os melhores sapatos e melhores tecidos. Era uma felicidade quando minha se arrumava toda e dizia que ia fazer compra na loja e vinha com os pacotes embrulhados em papel cor-de-rosa e amarrados com barbante. A meninada toda a rodeava para ver abrir os pacotes e esperar para ver as surpresas de cada um.Era uma alegria. Interessante é que ela escolhia e nós adorávamos suas escolhas. Felizmente a minha mãe tinha muito bom gosto. Lembro-me também que diziam que o Yuki tinha a maior coleção de discos LP de Bernardes e eu achava isso o máximo! Da família Karazawa só temos lembranças boas, parabéns! Ioshiko

  2. emilia karazawa tachibana @ 20 Fev, 2008 : 19:56
    Miriam. Fiquei muito feliz de ver a história de meu tio Kimio colocada por voce nos relatos da imigracao. Aos 90 anos ele se dispor a escrever a história da família dele, relatando uma por uma a vida de seus irmaos. Lúcido e cheio de energia, com certeza, sua colocacao vale como uma homenagem.Parabéns!

  3. madalena shizuka aoki pirozzi @ 19 Abr, 2008 : 19:58
    Ois: Talvez vcs me conheçam, sou de Álvares Machado, ilha de Sussumu Pedro Aoki e Fuyuka Aoki.Meu pai iniciou as atividades da Cooperativa Agrícola de Cotia na cidade e trabalhou lá até se aposentar quando veio para a Capital. Eu me recordo da loja Karazawa. De fato era excelente a loja e era uma festa quando minha mae fazia compras. Sei que meu pai conheceu intimamente os irmãos Karazawa e era amigo.Um tio meu, Francisco Hirata,quando jovem trabalhou na loja. Um abraço a todos , Madalena

  4. Hermenegildo Barbato-Didio @ 2 Mai, 2008 : 22:18
    Poxa, quem nao se lembra das Casas Karazawa la em Alvares Machado. Tinha eu 12 anos de idade quando comecei a trabalhar na Brasmentol, como office-boy. Todo dia ia ao correio, pois as correspondencias na época eram apanhadas na caixa postal. Quantas vezes, passando em frente deste comercio, deparava com o patriarca Karazawa, ja bastante idoso, sempre com uma boina na cabeça, vez ou outra, parava uma criança que passava por ele e colocando a mao no bolso, tirava balas de hortela e oferecia para a garotada. Boas lembranças - Didio

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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil

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