Conte sua história › Miriam Hirata Karassawa › Minha história
Para contar a Saga da família Karassawa/ Karasawa/ Karazawa, inicia-se em 29/06/1910 com a chegada ao Brasil no vapor Rio Jun Maru dos meus avós, casados Hatsunosuke, 34 anos e Tomi, 32 anos; com os filhos Hatsunosuke,12 anos; Togi 10anos ( meu sogro) e Mitsu, 01 ano.
Deixou o terceiro filho no Japão, Taisan, para cuidar da avó com então 60 anos.
Tomo a liberdade de transcrever a história da família, que meu tio Chimio escreveu nos seus 89 anos de idade; o filho caçula e único sobrevivente da família, nascido no Brasil sobre seu irmão mais velho, Togi (Tossan), meu pai.
Foi possível a vinda pra o Brasil da família Karassawa, pelo empréstimo do dinheiro da Sra Mineya ( herdeira da tradicional atacadista de compra e venda de arroz, trigo e casulos de bicho de seda) para a compra das passagens do navio.
Saíram de Kobe com mais 700 imigrantes. O avô tinha no bolso só “Nissen - gorin ($ 1,00) em moeda japonesa. Foram 60 dias de viagem; desembarcando em Santos e depois São Paulo, na Casa dos Imigrantes. Foram escalados para trabalhar na fazenda de café na cidade de Pedreira. Seus lanches foram distribuídos na Estação da Luz, como lanche pão e mortadela”.
O trabalho na fazenda era de apanhar café; foi o seu primeiro contato com o cafeeiro. Os vizinhos eram na maioria italianos; apesar da difícil comunicação da língua, tornaram-se muito amigos de meu pai e tio.
Depois de um ano na mesma fazenda, a pedido do avô, o administrador da fazenda autorizou criarem galinhas e porcos. Após oito meses as galinhas começaram a botar ovos. Assim avó, tio e meu sogro andavam 04 km, foram vender ovos na cidade.
Vendendo todos os ovos, eles iam ao bar comprar bananas, mortadela e pães.
Com a venda dos porcos e a poupança acumulada foi melhorando a condição de vida; adquirindo 50 alqueires de terreno de mata virgem em Álvares Machado.
Viajaram por 22:00 h de trem com destino a Presidente Prudente e depois mais 22km de cavalo até Álvares Machado. Plantaram feijão, milho e arroz. Em 04 meses colheram a primeira safra de feijão; e após 10 meses colheram milhos e arroz.
Nessa época morre tio Hatsunosuke de febre amarela.
A população da colônia foi aumentando, formando associação de colônia, um cemitério japonês e uma escola de língua japonesa, sendo meu sogro, o responsável.
Com a morte de tio Hatsunosuke e como o avô tinha problema auditivo, todas as reuniões, festas e homenagens aos falecidos, Togi, que representava a família.
Meu sogro, lendo uma reportagem de criação do bicho da seda, achando interessante, comentou com sua mãe, que já conhecia do Japão; resolveram em criar bicho da seda. Meu pai entrou em contato com a Industria de Seda Nacional com sede em Campinas e assim iniciou a criação do bicho da seda.
Em uma das entregas do casulo na fabrica, ele foi convidado a trabalhar como propagandista difundindo a sericultura no meio da colônia japonesa; dessa época em diante meu pai começa uma nova profissão; iniciando suas viagens nas colônias do Estado de São Paulo.
Nessas viagens que conheceu o Senhor Kumataro Ogawa, natural de Tiba, que residia em Candido Mota.
Na ocasião Togy tinha 32 anos e era solteiro, e o Sr. Kobayashi (casamenteiro), perguntou se não queria casar com filha do Senhor Ogawa que tinha 20 anos.
Casaram-se Togi Karassawa e Ayako Ogawa em 21 de Agosto de 1932 em Alvares Machado.
Assim, iniciou a família.
Após seis meses após o casamento, meu sogro mudou-se para Tibiriçá; abrindo uma lojinha de tecidos e armarinhos para minha mãe (Ayako). Quando ele retornava das viagens ele tomava conta da loja e nas horas vagas gostavam de jogar “CHOGUI” com o Senhor Aoki.
Por orientação de meu pai, em 1939, meus avôs idosos, terminam a safra de algodão, mudaram para o prédio que foi construído e abriu uma loja em 1º de abril de 1940 em Álvares Machado.
Meu pai vendo o sucesso da loja propôs ao tio Chimio a abrir juntos Loja Karasawa, em Presidente Bernardes; assim meus pais ficaram contentes, pois ele moraria perto do filho Togi.
Em 1947 meus pais mudaram.
Nessa época a cena mundial atravessava em pé de guerra. De um lado os aliados, Inglaterra, Estados Unidos e Rússia e outro eram os paises de pacto de eixo, Alemanha, Itália e o Japão.
Em 1942, o Brasil aderiu ao lado dos aliados. Os povos do eixo eram considerados inimigos; assim divulgou a lei que os povos do eixo não poderiam viajar sem o salvo conduto, fornecido pela delegacia local; foi um ano de muito constrangimento. Como também, foram obrigados inclusive de entregar todos os aparelhos de radio; não poderiam aglomerar mais de 03 pessoas e os jornais editados em idioma de paises do eixo foi proibido.
A loja continuou funcionando, consolidando a confiança entre a colônia e meu pai foi escolhido como Presidente da Associação Nipo brasileiro de Presidente Bernardes.
A família se constiutiu de 06 irmãos:
Quando nasceram meus cunhados, meu sogro, deu nomes da família: Koto- Kooto – Koo, primeira letra do kanji, nome de meu avô, To é de Togi; Sigueki- Shi de Shigueo- Ki de Chimio; Tomie da mãe Tomi e Ayami de Ayako; esses nascidos em Tibiriçá. Um casal de gêmeos Silvia Junka e Felicio Yukiharu, nascidos em Presidente Bernardes.
Hoje a família está numerosa; somos no total de 75 pessoas, entre filhos, cunhadas, cunhados, sobrinhos (as), netos e bisnetos.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil