Conte sua história › Miriam Hirata Karassawa › Minha história
com a chegada ao Brasil dos meus avós paternos Fumio e Tsuki Hirata, no navio Teikoku Maru em 11/ 05/1914 e meus avós maternos Sakari e Kanayo Aoki, no navio Manila Maru em 19/09/1925, vindos de Fukuoka.
Da união das famílias Hirata (Antonio) e Aoki (Luzia), meus pais; nascem (Miriam) e mais dois filhos (Valter e Mauro) sanseis e brasileiros.
A minha infância com a Batian e Ditian era cotidiana; morávamos na casa em frente. Todos os dias, eles faziam com que nós, os netos tomassem Wakamoto, diziam que era para sermos fortes, saudáveis, e para ter boa memória (acho que é por isso, que sou bem forte... já a memória ?)
Não sei porque, mas eles guardavam caixas de suculentas e reluzentes maçãs e de bolachas deliciosas embaixo da cama. O que me recordo, era o lugar que mais adorava esconder, e claro comer. Quando nos descobria era “aquela bronca”; saíamos correndo para não ganhar “Guenkotsu”.
Aos domingos impreterivelmente íamos todos a missa; nos preparávamos e tinha até roupa especial para a ocasião. Somos de família católica, desde o Japão, (dizem que temos até mártir) sendo assim iniciei a minha vida escolar em Colégio de freiras.
Na época, no mês junho a Igreja que freqüentávamos realizava aquelas maravilhosas Quermesses, cada final de semana a organização ficava por conta de uma nacionalidade: Portugueses, Italianos, Japoneses e Negros.
Sempre fui muito extrovertida, fazia amizades com facilidade, o que facilitava nas vendas das infinidades rifas e, bingos.
Nessas quermesses realizavam várias atividades desde danças típicas, comidas bebidas. O dinheiro arrecadado era revertido para a construção do hospital do Bairro e ajudar nas obras sociais da Igreja.
Também, participava de clubes japoneses, estudava no Nihongaco
(escrever e ler em japonês). A professora, Omi Sensei, já idosa, falava muito pouco o português.
Eu adorava ir ao curso japonês, penso que muito pelas amizades, pelas festas e reuniões que sempre realizavam, do que pelo interesse da língua.
Nessas festas, reuníamos com outros alunos de outro bairro, onde a Sensei dava aulas, para treinar danças como, Odori, cantos, e apresentações teatrais. Fazíamos várias apresentações em kaikans em diversos bairros de são Paulo.
Embora com toda essa cultura japonesa, pouco se fala tanto na escola como a minha família da tradição japonesa.
Penso, que por ser de uma família tradicionalmente católica e a Sensei também, não se falava nada da cultura japonesa, pois ao relatar a história remetia a uma ampla gama de tradições, incluindo aspectos do Xintoísmo e do Budismo.
Atualmente, somos casados com descendente de japonês:
Eu com Felício Y. Karassawa, tenho três filhos: Danillo, Keilla e Patrick;
Meus irmãos, Valter casado com Sonia Hirata, têm duas filhas Érika e Gabrielle e Mauro casado com Araci Y. Ishikawa, têm duas filhas Mariana e Paula, todos brasileiros e Yonseis.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil