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Quando voltamos do Japão, o programa não deu certo. Não conseguimos veicular nada. Eu saí da produtora e, com o dinheiro que eu ganhei lá, comprei uma passagem para Nova York. Fiquei mais um tempo, também trabalhando como sushiman. Quando voltei, um amiga minha estava montando um restaurante japonês no bairro de Moema, e eu fui ajudar. Acabei fazendo o projeto do restaurante e descobri que queria fazer arquitetura. Prestei vestibular e passei na FAU [Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP].
Comecei a estudar arquitetura, mas ao mesmo tempo continuei trabalhando em vários restaurantes japoneses. Nisso, o Takatomo Hachinohe faleceu e me convidaram para assumir o lugar dele. Fiquei muito honrado. O Komazushi na época era o melhor restaurante japonês de São Paulo. Acabei largando a faculdade no terceiro ano.
Restaurante era uma coisa que eu gostava de fazer, e era um ganha-pão. Mas eu pensava: ser só um suhiman na vida? Quando você é um pós-adolescente, você não vê realização profissional nisso. Quando você está escolhendo a sua profissão, o glamour conta muito. Como arquiteto, um dia você vai ter um carro bonito, uma roupa bonita, um escritório bonito e fazer uma casa bonita. Como sushiman, você vai ter um restaurante e nunca vai ganhar dinheiro com isso. Não tem glamour. No final, parece que a vida escolhe o que você vai ser. E foi o que aconteceu.
Em 2000, numa manhã de sábado, descobrimos que a Sayuri, minha namorada, estava grávida. Eu já havia saído do Komazushi fazia um tempo, e estava sem trabalho. Foi aí que eu resolvi montar um restaurante. Ela tinha uns 20 mil reais em ações, e minha mãe pediu mais 20 mil emprestados para uma amiga dela. Realizamos o casamento, pedimos dinheiro de presente e juntamos mais 15 mil. Com 55 mil reais, achei este ponto, comecei a reforma. Abri em setembro. Em outubro, saiu a primeira nota na Veja. E foi um sucesso.
Depoimento ao jornalista Xavier Bartaburu
Fotos: Everton Ballardin e arquivo pessoal de Jun Sakamoto
Vídeos e áudios: Estilingue Filmes
Sushi tradicional em ambiente moderno
Mãe de Jun aprendeu português vendo TV
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil