Os ringues japoneses

Ewerthon Tobace

Após um longo período de recesso, resolvi que era hora de voltar a postar. A desculpa é mesma de sempre: muito trabalho (até mais do que o esperado). Mas quero encerrar esse blog com um pouco mais de atividade. Vamos ver!

Bom, hoje quero falar de brasileiros bons de briga. Eles sonham com uma carreira de glórias e títulos, mas muitos não conseguem deixar a fábrica para fazer um treinamento adequado, e o sonho vai sendo deixado para mais tarde.

Conheci vários lutadores-dekasseguis que teriam grandes chances de ser um Wanderlei Silva, um Minotauro (Antonio Rodrigo Nogueira) ou até um Rickson Gracie nos ringues japoneses. Mas aliado ao sonho de ser um grande campeão, eles têm de dar duro na fábrica para pagar as contas e ter o que comer. Afinal, conseguir patrocínio não é tão fácil por aqui.

Tem vários exemplos de bons lutadores, mas quero falar de dois particularmente: Cristiano Kaminishi (que já saiu num perfil aqui do site) e Danilo Zanolini. Os dois já participaram de grandes eventos amadores, porta de entrada para o profissional. Estão ai batalhando bastante, vivem da profissão (Cristiano dá seminários e tem patrocínio e Danilo dá aulas também) e estão bem próximos de estrear em grandes campeonatos. Os dois vieram para o Japão para trabalhar em fábrica, mas conseguiram dar asas aos sonhos.

Zanolini é lutador de muay thai e participou do K-1 Try Out, na China. Agora, o objetivo dele é chegar ao K-1 World Max, que reúne grandes estrelas das artes marciais. Há inclusive alguns brasileiros que ficaram famosos nesse evento de luta, como o carateca Francisco Filho. Profissional no arquipélago desde 2004, ele conta com 19 lutas profissionais no currículo, sendo 12 vitórias (nove nocautes), dois empates e cinco derrotas. Hoje ele concilia a vida de professor com a de lutador, mas nem sempre foi assim. "No começo era muito difícil e cansativo porque trabalhava em fábrica e treinava duas horas, todos os dias, à noite, depois das horas extras (zangyo) e dava aula nos finais de semana", lembra.

Já Cristiano diz que está no auge da forma e pronto para participar dos grandes torneios de vale-tudo. Fui ver de perto um treino do rapaz e ele, realmente, bota medo. Conheço o jovem desde que cheguei ao Japão, fiz várias entrevistas com ele e, de certa forma, acompanhei a carreira dele. Lutador de jiu-jítsu, ele é bom também de pé (treinou em famosas academias, como a Brazilian Top Team, a American Top Team e a Chute Boxe). Seu objetivo agora é entrar num grande torneio. E se não der? "Aí vou continuar trabalhando com jiu-jítsu e vale-tudo, seja como treinador, empresário ou organizador de eventos", diz.

Legendas: a primeira foto é do Kaminishi. A outra, claro, do Zanolini (Foto: Divulgação)

Postado por Ewerthon Tobace | 7 comentários

Comentários

Mauro Kyotoku @ 25 Ago, 2008 : 11:45

Prezado Ewerthon, você deve ter visto a notícia do ipcdigital http://www.ipcdigital.com/ver_noticiaA.asp?descrIdioma=br&codNoticia=14449&codPagina=15076&codSecao=219 onde Mika Someya, brasileira é ouro pelo softbol japonês. Sem quer te pautar, acho que seria interessante saber algo sobre ela, uma entrevista e coisas assim. Imagino que o publico leitor destas páginas do Imin100 gostaria de saber mais sobre esta atleta nipo-brasileira. Não vi a imprensa brasileira escrever sobre ela, afinal é mais uma brasileira que ganhou ouro. Abraços Mauro Kyotoku
Claudia Yoscimoto @ 26 Ago, 2008 : 04:32

Ôi Ewerthon! Realmente vc andava meio sumido desse espaço, heim hehehe Mas que bom que voltou, pois gosto de ler o que você escreve. Bem, realmente o que me impressiona nesse pessoal é que mesmo depois de se machucar nos treinos ou competições, eles não faltam ao trabalho nas fábricas no dia seguinte, como é o caso do Pedro Akira e do Juninho Amazon, que participaram do Heat 7. Sugoi, neh! Bjo!
Cristiano Kaminishi @ 27 Ago, 2008 : 10:13

Fala Ewerthon,tudo bem? Gostaria de lembrar que este ano de 2008 comemoro 10 anos de lutas .Comecei minha carreira no All Japan Jiu Jistu Championship em 1998/08/16. No meu primeiro campeonato ja ganhei 2 medalhas de ouro . Todos os anos sao varios torneios ,sempre levo medalhas e trofeis para casa no fim do ano! Nao eh facil viver da luta no Japao eu fico muito admirado com alguns brasileiros que trabalham longas horas na fabrica e ainda arrumam tempo para treinar.Uns saem do trabalho sem dormir e vao direto lutar em campeonatos,sao uns verdadeiros guerreiros. Mas nao tem preco quando eu subo no lugar mais alto podium com a bandeira do Brasil em maos,mostro que os brasileiros nao sao mao-de-obra barata e sim pessoas com alta capacidade em tudo que faz! Viva o Brasil!
Danilo Zanolini @ 28 Ago, 2008 : 14:10

Ewerthon muito obrigado Nossa vida realmente nao e fácil ,mas somos capazes de conseguir o que queremos, passando pelas dificuldades . E isso q tento passar para meus amigos e alunos ,nao passar horas no trabalho pensando em juntar dinheiro e ir ao Brasil,o tempo passa e nao vivemos nossos sonhos, porque nao tentamos , podemos viver e realizar um sonho objetivo em qualquer lugar basta querer e lutar. Obrigado pelo espaço. Hoje fico ainda mais forte e motivado a conquistar meus objetivos ,obrigado . E logo logo conquistaremos um!!!! Abraço
Cristiano Kaminishi @ 28 Ago, 2008 : 22:14

http://youtube.com/watch?v=H0tQfKsr2zU Este eh o link do Documentario sobre Vale-Tudo feito comigo por um americano.
Juvenal Shintaku @ 29 Ago, 2008 : 05:41

Ola Ewerthon, que bom ver os seus posts novamente. E o legal é constatar que é sobre o Cristiano, que conheci ainda quando ele era um meninão. Parabéns aos dois!
Help me @ 15 Set, 2008 : 23:50

Ola, td bem? Meu nome é Rogério e preciso de ajuda para trabalhar em alguma academia daí do japão. Sou casado com uma descendente de japoneses, faixa preta de jiu jitsu e tenho certeza q vc poderia me ajudar...por favor, serei muito grato. rogerio.charleaux@bol.com.br. Abraços..

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Perfil

Ewerthon Tobace, jornalista, 31 anos. Um dia, meu avô resolveu enfrentar o desconhecido. Chegou ao Brasil de mala e cuia, sem falar a língua. Agora, faço o caminho inverso e, a cada dia, descubro os fascínios da ‘terra do sol nascente’. Moro no Japão desde 2001 e trabalho na mídia étnica com foco na comunidade brasileira.

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