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16 Dez, 2007

Um pouco de esperança

O personagem: Olmes Milani, 60, padre, leva a palavra de Deus e solidariedade aos presos brasileiros


Conversei pessoalmente com o padre Olmes Milani uma única vez. Mas já falei com ele várias vezes por telefone. Em todas as vezes, o que sempre me chamou a atenção foi sotaque. Lembra algum nativo de língua espanhola. Para completar, ele tem cara de europeu, nome americano e sobrenome italiano. Mas Olmes, de 60 anos, é brasileiro mesmo.

Muito simpático, a palavra de ordem dele é ajudar. Também pudera, ele faz parte da congregação Missionários de São Carlos. “Trabalhamos com os problemas sociais”, resume o religioso, que chegou por aqui há pouco mais de três anos. Milani foi o primeiro padre brasileiro a receber autorização para celebrar missas no Presídio de Kurobane, na província de Tochigi. Lá estão presos pouco mais de 60 brasileiros, a maioria condenada por furto ou por porte, tráfico ou uso de drogas.

Desde junho do ano passado, ele e a religiosa Teresa Shirahama celebram uma missa mensal, em português, aos presos. “Mas só podemos atender 12 por vez. A direção não permite mais participantes por temer uma rebelião”, conta o padre. Eles também conversam e dão conselhos aos presos. “Os detidos sentem falta de carinho e uma boa conversa”, justifica o religioso que, mais do que a palavra de Deus, o que ele quer levar aos condenados é um pouco mais de esperança.

Criminalidade brasileira no Japão é um dos espinhos da comunidade. Teve uma época que foi pior. As manchetes dos jornais e noticiários de tevê eram cruéis com os brasileiros e muitos foram os que associaram o aumento da criminalidade no Japão com o crescimento do número de estrangeiros.

Já conversei com alguns ex-condenados, com gente que praticou delitos ou usou entorpecentes. Todas as histórias tem uma ligação: desestruturação familiar. Muitas famílias que vieram para o arquipélago, acabaram se desmanchando por conta da carga horária intensa de trabalho, associada ao estresse, falta de diálogo em casa e ao pensamento único de ganhar dinheiro. A fábrica acabou robotizando as pessoas, de certa forma.

Mas como disse, as coisas já foram piores na comunidade. Surgiram alguns projetos, principalmente para ajudar os jovens, e as coisas melhoraram um pouco. Padre Olmes é uma dessas pessoas preocupadas com o assunto. “Sinto, pelas conversas com os presos, que eles estão realmente arrependidos. Isso é bom sinal”, sugere o religioso.

Para você, existe solução para acabar ou diminuir drasticamente a criminalidade entre estrangeiros, principalmente brasileiros, no Japão?

Postado por Ewerthon Tobace | 11 comentários

Comentários

  1. Paulo @ 16 Dez, 2007 : 06:00
    Como é bom conhecer pessoas que estão fazendo a diferença! Talvez pela minha posição e tempo dentro da sociedade japonesa, minha opinião é sempre voltada à integração dos estrangeiros à sociedade nipônica. Não podemos generalizar, mas acho que a desinformação e o sentimento de exclusão agravam muito o problema. Falta boa vontade das duas partes, o ruído na comunicação é imenso, enfim, não é um problema simples. Mas não desisto em acreditar que existe solução sim.

  2. Ypê @ 16 Dez, 2007 : 07:02
    Não creio que exista uma mágica para a tal questão, qto menos através da religiosidade, mas atribuir à fábrica por robotização das pessoas, me parece, seja um lugar-comum no qual muitos brasileiros convenientemente se apóiam para justificar esta desestruturação familiar. Um outro insistente lugar-comum do qual se servem é de que a sociedade japonesa seja fechada ou hostil aos estrangeiros. Ora, me parece o contrário. A comunidade criou um casulo, um microcosmo da sociedade brasileira, levando para dentro todos os reflexos que isso comporta: a ausência do senso de Estado, o desprezo pelas regras sociais e o senso de impunidade. Por azar histórico-cultural nosso, a herança ibérica ainda aflora no comportamento contemporâneo: o de usufruir os bens, embolsar tudo o que é possível do território alheio e cair fora. Ironicamente aqueles colonizadores, degredados e traficantes que protagonizaram a nossa História tbém eram extremamente religiosos.

  3. Karina Almeida @ 16 Dez, 2007 : 11:47
    o apoio da familia eh muito importante sim. e o trabalho dos voluntarios tambem. ainda tem a educacao que nao pode faltar! crianca e adolescente fora da escola, ja viu ne... enfim, eh uma serie de fatores e acho que os pais deviam ficar muito atentos a tudo isso. falta de tempo nao justifica. o assunto eh serio ne!

  4. Mário @ 16 Dez, 2007 : 15:36
    Êta assunto importantissimo Ewerthon, você sintetizou muito bem a raiz do problema, acredito que soluções podem até haver,mas diante da multiplicidade e complexidade de fatores que geram estas situaçoes de criminalidade, posso apenas afirmar que iniciativas do padre Olmes Milani, são extremamente importantes no apoiamento espiritual e humano à esses nossos conterrâneos. Acredito ser um bom inicio esta demonstração de amor e solidariedade. Abraços Amazônicos.

  5. Karina Almeida @ 16 Dez, 2007 : 23:59
    oops, nao comentei sobre o padre olmes. eu ja conversei com ele pessoalmente e realmente eh uma pessoa cheia de boas ideias e boas intencoes. acho muito bonito o trabalho dele!

  6. Clandestino @ 17 Dez, 2007 : 09:19
    Conheco um pesquisador que pesquisa sobre a importancia da igreja catolica junto aos brasileiros. acho complicada essa religiao, cheia de preconceitos e proibicoes, de condenacoes e exclusoes e um monte de outras coisas ruins. Porem, o trabalho que esses religiosos fazem vai alem disso. eles sao muito mais humanos do que os lideres da igreja deles. talvez isso seja o real cristianismo, porem os lideres devem ter esquecido isso.

  7. dekasegui @ 19 Dez, 2007 : 13:54
    Ewherthon Tobace: Nem na midia nikei no Japão não tem divulgação sobre o IMIN 100. A midia nikei tem que divulgar o IMIN 100 no Japao pros nihonjins e nikeis .Os dekaseguis nem estao sabendo que vai ter IMIN 100 no JP tambem ano que vem.

  8. japa pobre @ 20 Dez, 2007 : 19:31
    Eu nunca vi no BR 1 japa (amarelo) honesto pobre casado com uma branca rica

  9. Paulo @ 25 Dez, 2007 : 03:49
    Feliz Natal Ewerthon!!! Criei uma mensagem gravada de Natal e Ano Novo e postei lá no blog! Dá uma olhadinha depois! Abraços!

  10. ALBERTINA FERNANDES @ 28 Mar, 2008 : 08:23
    MUITO HUMANO,MUITO BONITO O QUE FAZ,GOSTARIA DE PEDIR UM GRANDE FAVOR AO PADRE;TAMBÊM TENHO UM FILHO PRESO EM TOCHIGI-KEN OTA WARASHI SABUI 1466-2,O NOME DELE É FUTIDA UTSUGI CELSO AKIRA,POR FAVOR SE POSSIVE,PUDER LHE FAZER UMA VISITA,EU FICAREI MUITO GRATA,MORO NO BRASIL,O CONTATO É SO POR CARTA,SEI QUE O SOFRIMENTOÉ GRANDE,E SO UM APOIPO ESPIRITUA,PARA AMENIZAR O SOFRIMENTO....POR FAVOR PADRE OLMES NÃO ME DEIXE SEM RESPOSTA.OBRIGADA. ALBERTINA FERNANDES.

  11. mestica no japao @ 10 Out, 2008 : 15:53
    acho que os brasileiros nao podem sair cometendo delitos,ainda mais num pais tao civilizado como o Japao! acho que e severgonhice mesmo!!!e se ao inves de serem pessoas civilizadas,querem ser marginais,tem mais e que pagar,pra ve se vira gente!cadeia neles!!! e olha que a prisao aqui e bem rigida!deve ser o fim!porque aqui a policia nao brinca nao!!!e e bem rigido nas cadeias daqui,eu acho e bom,pra quem quer vida cheia de crimes e delitos e ainda por cima usam drogas!!! eu acho que nada justifica isso!!! porque eu sou mulher,vivo aqui sozinha,sou jovem,vivo a dez 13 anos no japao,passei a juventude aqui,longe da familia,e sempre procurei ter amizade com os japoneses,e sempre viver em sociedade,nunca sai por ai roubando,usando droga,nao,a gente tem que aprender a ser gente,nao marginal!!!! eu acho e muito bom,cadeia nesse povo,e que deportem todos pra bem longe daqui,pra nunca mais voltar!!!

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Perfil

Ewerthon Tobace, jornalista, 31 anos. Um dia, meu avô resolveu enfrentar o desconhecido. Chegou ao Brasil de mala e cuia, sem falar a língua. Agora, faço o caminho inverso e, a cada dia, descubro os fascínios da ‘terra do sol nascente’. Moro no Japão desde 2001 e trabalho na mídia étnica com foco na comunidade brasileira.
 



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