Baa Maa Pii Cowabminn*

CN Tower: paisagem mais famosa de Toronto (acima)

Pessoal,

depois de passar o feriado prolongado de Ação de Graças canadense (13 de outubro) em Montreal, empacoto minhas camisetas, milhões de casacos e todo o material do curso (é um monte!) para, finalmente, voltar para casa. Está na hora de dizer tchau para o meu irmão, aqui em Toronto. Snif, snif, sniiiiiiiif.

Esta viagem foi a mais surpreendente que já fiz. Nada do que previ aconteceu. Nada do que imaginei que aconteceria, aconteceu. Paguei excesso de bagagem duas vezes. Foram mais de seis aviões (ainda faltam dois), três ônibus, incontáveis metrôs. Mas tudo o que eu sonhei nos últimos quatro anos, tudo o que minha alma realmente queria, bom, tudo isso eu consegui. De uma certa forma, tirei na loteria. Fiz amigos. Muitos. Ganhei uma irmã. Aprendi. Muito.

Descobri uma pessoa querida que faz aniversário no mesmo dia que eu (mais uma para a turma, Sô). Fechei um ciclo. Comecei outro. Ajudei meu melhor a amigo a fechar seu próprio ciclo. Fiz da casa do meu irmão, um lar. Cuidei dele. Fui cuidada. Ganhei inúmeros presentes. Dei inúmeros presentes. Relembrei que, para ver, é preciso sentir. E para sentir, só é necessário querer. Conheci velhinhas ucranianas, em um momento "Acredite se Quiser". Fiz pic-nic em dia chuvoso na beira do lago. Vivi o outono, com todas as suas cores e formas. Caminhei, caminhei, caminhei. Descobri as diferentes culturas indígenas da América do Norte. Comprei uma família de ursinhos polares esquimós para colocar no meu quarto. Comprei arte, fiz arte. Me redescobri apaixonada. Por pessoas, sons e paixões que eu havia esquecido, como fotografia e arte. Não fui a um museu (ok, fui em um mas vi somente uma exposição temporária, o que não conta muito). Mas foi como se fosse em todos. Resumindo, eu vivi. E no fundo, não é isso o que importa?

***

Da próxima vez que escrever, estarei em São Paulo novamente. Até lá,  Baa Maa Pii Cowabminn*.

Raquel.

* Trad: "Até que nos vejamos novamente", em dialeto indígena americano (não sei se Cree ou Blackfoot). Eu checo e depois conto para vocês.

* P.S. Chequei com o meu especialista em culturas indígenas norte-americanas e a língua se chama Odawa. Para saber mais sobre ela, clique aqui.

Postado por Raquel Hoshino | 3 comentários

Perfil

Raquel Hoshino é mezzo japa, mezzo italiana. Jornalista, ariana e chefe escoteira, está atrás de seu "gene zen". Aquele pedacinho oriental perdido, suficiente para transformá-la numa pessoa iluminada e calma o suficiente para comer uma tigelinha de arroz, grão por grão, enquanto admira a paisagem de suas jornadas.
 

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