Tudo aquilo que é cultura popular proveniente do Japão, não sei por que cargas d'água, acaba recebendo o nome de J- qualquer coisa. Então, temos o J-pop (música pop japa), o J-rock, o J-drama (novelas pra lá de mexicanas)... então, resolvi entrar na onda e batizar esta minha semana, e este meu post, de J-Week. Porque foi isso mesmo: uma semana atipicamente japonesa. E, quem me conhece sabe: eu não sou tão japa assim. ;-)
Mas mantenha-se firme e me acompanhe nesta aventura porque há dicas ótimas!
SEGUNDA-FEIRA, 19 DE MAIO
Fui à abertura da exposição O Japão Daqui, promovida pela Editora Abril no Museu da Língua Portuguesa e em duas estações de metrô (Sé e Clínicas). A proposta da exposição é mostrar um pouquinho do que os imigrantes trouxeram com eles, do pepino japonês até o karaokê. E tudo de uma forma in-te-ra-ti-va. Ou seja, você pode mexer nas coisas e até ver como seria o seu nome escrito em dois alfabetos japoneses! Uma boa maneira de introduzir-se na cultura, gastronomia e história japonesas.
Para quem eu indico: para você, que está gamado(a) por um(a) J-gatinho(a). Vocês podem visitar a exposição juntos e, enquanto ele(a) te explicam que raios é furikaKE (que você insiste em chamar de furikaKI), você aproveita para chegar mais pertinho e tal. Vocês também podem fazer pedidos e pendurar juntinhos na "árvore" de pedidos do Festival das Estrelas da entrada. Depois, caminhe um bocadinho pelo Jardim da Luz. Para os adultos, a sugestão é terminar a tarde com um café no Café da Pinacoteca (que fica no prédio da Pinacoteca, em frente ao Museu da L. P.). O cappucino é 10.
Serviço: os três módulos da exposição estarão em cartaz até junho (leia mais sobre a exposição aqui) mas é bom correr. Junho já está aí.
TERÇA-FEIRA, 20 DE MAIO
Empaquei no episódio 210 do Naruto, uma semana e meia atrás. Eu A-M-O Naruto mas, puxa vida, o 210 é uma eternidade. Naruto, um capitão da polícia e um Fulano de uma gangue ninja estão perdidos em uma floresta à noite. O desenho é escuro, todo em tons de cinza e verde, e tem um trechinho que é chato pra dedéu. Tentei assistir umas cinco vezes e sempre empacava naquela mesma parte.
Quando, nesta terça, eu finalmente desempaco, no que eu presto atenção? Na música do encerramento. Eu que não gosto de J-pop, J-rock ou mesmo J-funk-carioca, desde então, estou com uma das trilhas do Naruto martelando na minha cabeça. Fiquei obcecada por Yellow Moon, do Akeboshi (que é um japito que estudou música em Liverpool). Encontrei a letra em japonês, o clipe (abaixo) -- que é lindo --, e até a tradução (opa, preciso checar com a minha avó se é isso mesmo) para o inglês!
Dica: aumente seu nível cultural. Ouça músicas de outras nacionalidades, sem preconceito. Um bom jeito de começar é procurando por artistas que toquem o mesmo tipo de música que você já gosta. Por exemplo, se você gosta de country, procure um country coreano. Assim, vai-se habituando à uma outra língua enquanto curte um ritmo que já gosta.
QUARTA-FEIRA, 21 DE MAIO
Recebo a visita da Gaby Yamaguchi, do blog Furikake (nós trabalhamos no mesmo prédio), que vem, toda pimpona, me mostrar o seu colar de Chibi Naruto e seus chaveirinhos (chibi também) do Naruto e do Kakashi (J-gato). Quase fiz bico dizendo: "Eu também quero"! Realmente, chibi é o fofo do fofo. Aliás, nunca tantas meninas comentaram tanto, ao vivo comigo, um post meu. Meninas adoram chibis.
Dica para o Dia dos Namorados: se você está a fim de uma J-gatinha, aposte em um um chibi de presente. Um chibi do Sasuke é perfeito para as emo-namoradas. Chaveirinhos servem para enfeitar a mochila, enquanto colares são uma declaração bem mais explícita de que ela realmente é fã do animê X ou Y. Se a sua namorada é gata mas não é japa, ou não gosta de animês, vá de um chibi mais conhecido: a Hello-Kitty, por exemplo, tem uma linha em que ela é filhotinho.
QUINTA-FEIRA, 22 DE MAIO
Almoço com um amigo meu no Friday's. Há dias em que simplesmente meu estômago não está para peixe (acho que ele queria comer um pescado) e embarcamos os dois em um fettucine alfredo com frango canjun. Ao chegar ao trabalho (para quê feriado?), recebo, nos comentários do meu blog, um convite da Erika Kobayashi para a vernissage da exposição Invasão Tsunami que ela e os outros Moyashis inauguram nesta sexta (23), aqui em São Paulo. Sextas-feiras costumam ser dias um pouco complicados no trabalho mas resolvi ir. Uma oportunidade de ver a Erika, que mora em Paris, e conhecer o restante da galera (aliás, quais são as chances de duas Raquéis Hoshino estarem no mesmo lugar, na mesma hora? Conto mais sobre o encontro no próximo post).
Decido também parar com meus experimentos com furikake. A coisa já está ficando bizarra. No fim de semana passado, fiz torrada de pão sírio com maionese e TRÊS sabores de furikake. Resultado: dor de barriga. Decido também continuar com a peregrinação atrás de receitas de lámen (o bom e velho miojo mais requintado). Toda vez que vejo o Naruto comendo, me dá vontade. Ah, e por falar em Naruto, não só eu desempaquei do 210 mas eu consegui terminar toda a série (que vai até o episódio 220). Agora, estou começando a assistir ao Naruto Shippuden (o mesmo personagem, dois anos depois).
Dicas: assista ao episódio em que Naruto, Sakura e Chouji fazem lámen para salvar a moça do restaurante (versão com legendas em inglês) e acompanhe, em inglês, uma receita Naruto style. Incremente você também o seu miojo pós-balada.
SEXTA-FEIRA, 23 DE MAIO
Passo a tarde navegando nos sites dos Moyashis. Afinal, se eu vou à exposição, saber um pouco sobre cada um dos artistas me ajuda a compreender melhor as obras, a enxergar melhor o estilo, e a entender melhor a proposta da exposição, né? Descobri, com isso, um mundo fascinante e extremamente criativo de jovens artistas, ilustradores e quadrinistas. Talento é algo que sempre me emociona. A precisão do traço, a sujeira ou limpeza de uma composição, seu conteúdo (erótico, meigo, rígido), suas cores... fiquei fã de todos. Aliás, eu ando apaixonada por ilustrações já há algum tempo. De Cátia Chien (que conheci em um site americano e que descubro ser brasileira, nesta data) a Fabia Bercsek, estilista e ilustradora. Muito estranho pois com minha paixão por Van Gogh e Andy Warhol não havia espaço para "outros".
Agora, a melhor coisa que aprendi na pós-graduação em História da Arte foi caminhar em museu. Você já experimentou ir a um museu (como o Louvre) ou a uma exposição e-n-o-r-m-e com muita coisa para ver? Dá uma canseira, não? Pois é, apreciar as obras sem ter dor nas pernas, mesmo estando de salto alto, não tem preço.
Pois bem, fui lá na exposição, de salto e tudo, e recomendo a Invasão Tsunami. Mas vá logo. É somente neste fim de semana (24 e 25 de maio), no prédio do Museu da Imigração Japonesa (aproveite e visite-o!), a pouquíssimas quadras do metrô São Joaquim. O endereço está aí em cima.
Indicado para: gente jovem (de espírito) que quer conhecer novos talentos e um Japão diferente dos filmes de samurai. Também indicado para os velhos (de espírito) que necessitam remoçar. Mergulhe nas cores, no preto e branco, nas imagens cheias de simbolismos, nos vídeos, no lago de carpas. Veja diversas interpretações sobre o Japão e tire fotos na frente dos painéis. Eles são muito fotogênicos.
Dica: se for domingo, aproveite para visitar a feirinha da Liberdade, na Praça da Liberdade (esquina com a Galvão Bueno). É uma caminhadinha mas há muito o que ver no caminho (repare nos grafites e visite as lojinhas com produtos orientais). Sorvete Melona (de melão, banana e outros sabores exóticos) são um ótimo complemento para a tarde de sol. Um suco de sagu (isso mesmo), com um doce ou um pãozinho requintado da padaria Bakery Itikiri (Praça da Liberdade com Galvão Bueno) reabastecem as energias pós-caminhada.
Dica "para ir a dois": vá à exposição no fim do dia. Caminhe depois até um dos restaurantes de comida oriental da Liberdade e se empanturre com a bela estética e as delícias da culinária. Depois, faça a digestão caminhando pelo bairro iluminado pelas tradicionais lanternas japonesas.
Postado por Raquel Hoshino | 1 comentário
Comentários
Paula Frison @ 25 Mai, 2008 : 01:28
Estou eu a procura de mais e mais informações sobre a cultura japonesa... navegando pela internet... buscando informações no google... e de repente... eis que encontro novamente a Raquel... agora relatando sua semana tipicamente oriental...
Que semana boa, hein?
PS: também prefiro um Fettuccine...
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Perfil
Raquel Hoshino é mezzo japa, mezzo italiana. Jornalista, ariana e chefe escoteira, está atrás de seu "gene zen". Aquele pedacinho oriental perdido, suficiente para transformá-la numa pessoa iluminada e calma o suficiente para comer uma tigelinha de arroz, grão por grão, enquanto admira a paisagem de suas jornadas.