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8 Jan, 2008

O Japão pop

Wired.com

Rafael, leitor deste blog, comentou em meu post anterior que precisamos parar de idealizar as coisas. Concordo plenamente, Rafael. Por isso, quando tive a oportunidade de fazer reportagens em vídeo sobre a cultura japonesa, eu dei pulos de alegria e realmente me envolvi com o trabalho. Se fosse alguns anos atrás, eu teria torcido um pouco o nariz (porque tinha aquela imagem caretinha do Japão) mas, como estou nesta jornada de ver se encontro o meu gene "Sr. Miyagui" e consigo pegar mosca com hashi, estudei, pesquisei e aprendi muito. Meus objetivos, além de fazer boas reportagens, era descobrir um pouco mais sobre um de meus países de origem.

Eu estava em uma festa de Natal, alguns anos atrás, quando o pai de uma menina pré-adolescente, vendo que eu tinha olhos puxados, virou para mim e começou a puxar papo. Resumindo, ele andava muito indignado que a filha dele estava "perdendo tempo" com esses tais de mangás. Fiz aquela cara de interrogação, expliquei para ele que eram revistas em quadrinhos mas ele não se satisfez muito. A filha de repente se meteu e quase saiu uma bela discussão. Mas eu fiquei com aquilo tamborilando na cachola. Para começar, você prefere que seu filho fique lendo em casa ou perdido pelas ruas? E mais, tantos pais reclamam que os filhos não lêem! Essa, pelo menos, adorava ler. E não só mangá.

A história ficou guardada no meu bauzinho e quando eu, no 2o semestre de 2007, estava pensando em sugestões para reportagens sobre o centenário da imigração, eu sabia que precisava falar de mangá de alguma forma. Infelizmente, para mim, mangás ainda eram revistinhas que eu comprava na Liberdade quando era pequena e não conseguia ler (porque vinham em japonês). Eu não sabia que haviam virado um fenômeno no Brasil. Daí aconteceu aquilo que os americanos chamam de serendipity (uma feliz coincidência): caiu nas minhas mãos uma revista.

Esta foto que você vê aí em cima é a capa da revista americana Wired, a tal que caiu nas minhas mãos. Ela diz: "O mangá conquista a América".  Levei um susto. Pensei que mangá fosse algo restrito ao Japão e ao Brasil  (por causa do número de imigrantes e descendentes). À medida que fui lendo a reportagem, fui tomando mais sustos ainda. Aprendi sobre a bilionária indústria editorial japonesa, a história do mangá nos Estados Unidos e a convivência entre o mercado formal de revistas em quadrinhos e o mercado formado por fãs que criavam suas próprias histórias. Fiquei impressionadíssima (fique também: leia a reportagem) .

Fui estudando e ligando os pontos. Encontrei um livro fabuloso (Japop, de Cristiane Sato), artigos (com a superajuda da Érica, nossa estagiária) e fui descobrindo que aquele Japão quadradinho e sem-graça é completamente irreal! O Japão que tem conquistado os Estados Unidos e o restante do mundo (sim, o restante do MUNDO) era o país da Hello Kitty, com seus animês, sua moda de Harajuku, os desenhos animados... definitivamente não é a imagem que eu absorvi enquanto eu crescia. E, se eu (que estou envolvida com moda, sou mezzo japa e adoro manifestações pop) estava completamente por fora, que diriam os pais dos adolescentes, principais "consumidores" das coisas japonesas?

De inúmeras sugestões de pauta que nossa equipe deu para os vídeos do centenário, ficou esta: explicar para o público brasileiro o que eram mangá, animê e cosplay -- três manifestações culturais pop japonesas que são verdadeiras manias entre adolescentes brasileiros não-descendentes de japoneses.

Nos próximos posts, então, contarei um pouco mais sobre os bastidores destas reportagens. E espero que você veja um pouquinho mais deste meu recém-descoberto Japão.

Postado por Raquel Hoshino | 7 comentários

Comentários

  1. Karina Almeida @ 8 Jan, 2008 : 10:56
    meu sonho eh ler mangas em japones! to tentando. comecei varios e nao terminei nenhum, mas pelo menos encontrei um que eu entendo. conhece yotsuba to? esse acho que dou conta de terminar. sao aventuras de uma garotinha de 6 anos. bem simples e facil de ler (^_^) ah, adorei o post!

  2. Emerson Medina @ 8 Jan, 2008 : 18:42
    Parabéns pelo blog (e pelo site dos 100 anos).

  3. Merllim @ 9 Jan, 2008 : 11:59
    Hummm.... bom dia (ou boa tarde... ou boa noite... ou, quem sabe, boa madrugada.. afinal, já que a internet e 24h e como ninguém sabe a hora que cada um lê... vá lá!)! Gostei do artigo escrito para este blog (sobre mangás e a típica "curta" visão que geralmente se tem sobre essa "arte" que tem contagiado o mundo e pessoas de todas as idades). A linguagem usada, o modo de escrita... enfim... fiquei encatado. Parabéns! Apenas um leve "detalhe": não encontrei + informações tuas como idade, estado civil (solteira, casada (bem ou mal), ou, digamos, disponível ;^)...). Continue sempre assim, querida. Bjs. Merllim

  4. Gorgeous @ 9 Jan, 2008 : 12:58
    Eu ja desconfiava que mangas faziam sucesso nos EUA devido ao grande numero de edicoes de video, envolvendo mangas, que sao postadas no You Tube por pessoas dos EUA. Uma sugestao: no intuito de desmistificar a imagem do Japao, seria interessante uma reportagem mostrando o grau de americanizacao que se encontra o Japao, com a lingua inglesa, inclusive, contaminando o idioma japones de forma assustadora. Ha um fenomeno, que eu esqueci o nome, perdoem-me, ocorrendo no Japao, no qual as geracoes mais novas simplesmente ignoram a existencia de muitas palavras japonesas devido ao uso excessivo de palavras inglesas katakanizadas, o chamado 和製英語 ou Japanese English ou o ingles japones. Eu tenho experiencias diarias com isso. Em conversas de nivel academico com japoneses, uso os termos tecnicos originalmente japoneses e eles simplesmente ignoram. Conhecem so a palavra inglesa. Vamos mostrar o lado nem tao "legal" do Japao tambem. O lado no qual os japoneses tambem falham e tem defeitos.

  5. Makoto @ 10 Jan, 2008 : 01:05
    Falando sobre idealização, recomendo, caso vc ainda não conheça, assistir os animês (filmes) do diretor Isao Takahata, do Studio Gibli. Essa é a mesma produtora dos animês do Hayao Miyazaki ("A Viagem de Chihiro", "O Castelo Mágico", "Tonari no Totoro", etc...), mas, ao contrário do Miyazaki, os animês dirigidos pelo Takahata possuem temáticas bem realistas e adultas, tratados de forma tão natural que vc esquece que são desenhos. Acho interessante qq estudante da cultura de mangás e animês não se restringir somente a reportagens que dizem respeito aos desenhos de sucesso, pois assim como acontecem com os filmes, geralmente estes têm um objetivo comercial, o que pode fazer com que se crie uma imagem de que mangás e animês sigam somente os mesmos estereótipos de desenhos de aventuras ou romances, qd, na verdade, existem verdadeiras obras de arte que não são devidamente exploradas pela mídia por causa de seus roteiros um pouco mais complexos e adultos. Os animês que me refiro são "Cemitério dos Vagalumes (Grave of Fireflies/Hotaru no Haka)" e "Only Yesterday (Omohide Poro Poro)".

  6. Makoto @ 10 Jan, 2008 : 01:07
    Links de resenhas sobre os animes: http://www.animehaus.com.br/site/index.php?secao=10&ord=titulo&t=hotaru&f=&g= http://www.animehaus.com.br/site/index.php?secao=10&ord=titulo&t=omohide&f=&g=

  7. Raquel Hoshino @ 25 Jan, 2008 : 05:12
    Merllim, fiquei lisonjeada com seus comentários. A única coisa que posso dizer é: continue lendo o blog. Quem sabe você não descobre mais coisas? Não só a meu respeito mas também sobre a cultura japonesa e sobre como é viver com um pezinho em cada lado do mundo. ;-)

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Perfil

Raquel Hoshino é mezzo japa, mezzo italiana. Jornalista, ariana e chefe escoteira, está atrás de seu "gene zen". Aquele pedacinho oriental perdido, suficiente para transformá-la numa pessoa iluminada e calma o suficiente para comer uma tigelinha de arroz, grão por grão, enquanto admira a paisagem de suas jornadas.
 


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