O adeus ao peixe-voador brasileiro.

No dia 02 de outubro, a comunidade japonesa e a natação brasileira perdeu um dos seus mais ilustres integrantes: Tetsuo Okamoto, o primeiro nadador brasileiro a ganhar uma medalha olímpica, faleceu aos 75 anos.

Eu já havia contado um pouca da sua história no meu outro blog, mas vale fazer um resumo da trajetória de vida desta pessoa que foi um atleta espetacular e um verdadeiro exemplo de determinação e superação.

• Nascido em Marília, interior de São Paulo, no dia 20 de março de 1932. Signo: Peixes. Começou a nadar ainda criança por recomendação médica pois sofria de asma. Era tão magrinho que os amigos lhe deram o apelido de Tachinha.

• 1950. Campeão Brasileiro defendendo a equipe de São Paulo. Na ocasião conheceu um grupo de nadadores japoneses que era conhecido como os Peixes-Voadores.

• Em 1951, Tetsuo Okamoto voltou dos jogos Pan-Americanos de Buenos Aires com 3 medalhas, duas de ouro e uma de prata.

• 1952. Medalha de Bronze nos jogos olímpicos de Helsinque. No pódium uma cena rara, os três atletas tinham origem japonesa mas representavam países diferentes: em primeiro lugar Ford Konno dos Estados Unidos, em segundo Shiro Hashizume do Japão e o brasileiro Tetsuo Okamoto em terceiro.

Vale ressaltar que naquela época o esporte era totalmente amador. Não existia patrocínio e muito pouco apoio. Tetsuo sempre dizia que naquele tempo se competia por amor ao esporte e não por dinheiro.

Devo confessar que a notícia me deixou muito triste. Eu já sabia que sua saúde não andava bem. Tive a oportunidade de conversar com ele por telefone há uns 2 meses atrás, pois tenho esse meu projeto do livro. Por um problema de agenda não pude encontrá-lo pessoalmente. Ele me contou alguns detalhes da sua história e me deixou a impressão de ser um cara bem humorado e muito modesto também, como se o seu feito não tivesse tanto valor assim. Com certeza ele era uma pessoa muito especial.

Fica aqui expresso meu sincero sentimento de pesar aos familiares e amigos de Tetsuo Okamoto.

Postado por Alexandre Sakai | 12 comentários

Comentários

Ewerthon @ 11 Out, 2007 : 01:49

Acompanhei o noticiario sobre a morte dele... gostei da sua homenagem, escrevendo este post sobre ele. Ha muita coisa da nossa historia recente que se perde por total falta de divulgacao, apoio... Boa sorte no seu projeto.
madoka otsuka @ 11 Out, 2007 : 09:22

Linda homenagem ao sr. Tetsuo Okamoto, o peixe-voador, se nao fosse voce nao saberiamos quem foi esse extraordinario nadador...ele se foi muito cedo nao??? seu projeto merece aplausos. Parabens abracos Madoka
gaijin4ever @ 12 Out, 2007 : 00:06

Numa época em que os nisseis brasileiros estavam meio perdidos tateando em busca de uma direção, as conquistas de Tetsuo Okamoto foi importantíssimo, injetando uma boa dose de auto-estima em todos. Excelente trabalho, Alexandre! um grande abraço
japa na USP @ 15 Out, 2007 : 12:48

Por q sera que o beisebol e o softbol nao tem apoio ,patrocinio no BR?Sera por q são esportes da colonia japonesa?
Vivien Okamoto @ 18 Out, 2007 : 19:05

Legal a homenagem q foi feita. Eu, como sobrinha do "Tacha" (assim q o chamávamos) não sabia q ele tinha feito tanta historia. Fica marcado para mim o exemplo de determinação e superação q o fez dele o campeão. A proposito, foi veiculado na imprensa q ele faleceu em Marilia, mas na verdade foi em SP.
mmassaom@gmail.com @ 19 Out, 2007 : 07:07

Homenagens muitas, foram feitas aqui em Marília, principalmente no Yara Clube, ainda em vida, o que é mais importante. Orgulho dos marilienses e yarenses. Impressionante ainda, que nos finais de semana, ainda o víamos nadando metros e metros, como verdadeiro peixe voador.
留学生 @ 24 Nov, 2007 : 04:08

PARA JAPA NA USP: Acho que nao. Acho que eh devido ao mal uso do dinheiro publico no Brasil. Nao sao so esses esportes que nao possuem patrocinio la. Ha muitos outros sem patrocinio e que nao tem relacao alguma com a colonia japonesa. Agora, por outro lado, o judo recebe apoio consideravel e eh um esporte, ao contrario do beisebol, originalmente japones. Se fosse parte de um boicote do governo brasileiro a colonia japonesa, que tambem eh composta de brasileiros, quer queira, quer nao, o judo tambem seria boicotado. Nao queira inventar preconceito e desagregacao onde nao existe.
Alberto Minagawa @ 19 Jan, 2008 : 09:56

Gostei muito da homenagem que foi feito ao sr. Okamoto,acho que é preciso lembrarque existem outros atletas que ajudaram na boa imagem da colonia,como os irmãos Minagawa(judocas),são eles Humio e Hiroshi Minagawa,que participaram do torneio do cinquentenário da imigração.Eles sim foram um dos pioneiros do judô.
cauejp @ 18 Fev, 2008 : 14:32

Pensei que eu sabia um monte de coisas sobre a nossa colônia, ainda tenho o que aprender. Obrigado Alexandre e a Editora Abril.
Amelia Paiva Bertonha @ 4 Mar, 2008 : 15:33

Estudei na mesma classe de Tachinha no Ginásio do Estado de Marília e também nadava com êle no Yara Clube, onde o Senhor Fausto Alonso nos treinava. Tachinha, muito brilhante e dedicado na natação alcançou grande sucesso. Começou a aparecer vencedor nos Jogos Abertos do Interior de São Paulo nadando com Paraíba, da cidade de Ribeirão Preto. Todas as competições que disputava, vencia,nos demonstrando aquele nado maravilhoso! Há uns 25 anos atrás, mais ou menos eu o ví na piscina do Yara. Conversamos bastante e eu lhe pedí que nadasse um pouco para mim,pois era uma felicidade ve-lo deslisar suavemente como um peixinho em águas calmas. Guardei em minha memória momento tão feliz. Fiquei muito consternada com sua passagem. Espero que onde estiver, esteja muito bem, pois sempre foi um menino educado e bondoso. De sua familia lembro-me de seu pai e duas irmâs mais velhas que ele .Tinham um bazar na rua São Luiz, em Marília. As moças eram também muito agradaveis e educadas. Meus sentimentos à família. Amélia Paiva Bertonha
veronica @ 26 Mai, 2008 : 18:17

eu queria saber sobre esportes japoneses
mërí @ 11 Jun, 2008 : 14:20

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Perfil

Alexandre Sakai é publicitário. Paulistano, nascido no bairro do Ipiranga, é sansei, neto de japoneses. Adora fuçar livros, revistas e a internet atrás de informações e novidades. Atualmente tem coletado histórias curiosas da comunidade japonesa no Brasil para escrever um livro.

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