Sumô - A arte marcial dos deuses

Apesar da quantidade de imigrantes japoneses no país, o sumô ainda é um esporte pouco conhecido por aqui e exatamente por isso rodeado de preconceitos e muitas vezes motivo de chacota. Aos olhos ocidentais, a visão daqueles lutadores grandalhões usando apenas uma tanga, que deixa boa parte do traseiro de fora, ainda é algo muito exótico.

Mas na verdade, o sumô é uma rara mistura de religião e esporte. Diz uma lenda japonesa que foi uma luta de sumô entre dois deuses que decidiu a permanência da tribo no território que daria origem ao país. Por muitos anos sua prática foi restrita para cerimônias religiosas. Mas hoje o sumô é um dos esportes mais populares no Japão, ao lado do beisebol e do futebol.

As regras são bem simples. O primeiro que pisar fora do ringue, que é formado por um círculo, perde. Da mesma forma se encostar no chão qualquer parte do corpo que não sejam as plantas dos pés.

No Brasil, o sumô chegou junto com os primeiros imigrantes, que o praticavam como uma das maneiras de manter os laços culturais com seu país de origem. O registro do primeiro campeonato no Brasil data de 1912.

Apesar de não ser tão popular como o judô e o karatê, o sumô brasileiro tem exportado alguns atletas para o Japão. Casos de Luis Go Ikemori e Fernando Kuroda que foram os primeiros brasileiros a se tornarem sekitoris (divisão de elite do sumô profissional).

E não são só os nikkeis que tem se destacado no esporte. Em 1991, o paulista de Santo André, Vander Ramos, que não tem nada de japonês, foi treinar sumô no Japão com apenas 16 anos de idade. Ele, que adotou o nome Kuniazuma, também chegou a sekitori e se aposentou em 2004.

Encontrei uma luta do Vander no Youtube. Nessa luta ele perde para um lutador bem menor que ele. Mas não se espante. Esse "magrinho" aí podia não impressionar muito em 2003, mas hoje ele é o mais recente yokozuna. Seu nome é Hakuho que com apenas 22 anos já atingiu o ranking mais alto.

Atualmente, os não-descendentes já são maioria entre os praticantes de sumô no Brasil. E até mesmo as mulheres estão se destacando no esporte. A atleta brasileira Fernanda Pereira da Costa foi campeã mundial de sumô amador na categoria pesada em 2004, na Alemanha. Mas não pense que o uniforme delas é o mesmo que o dos homens. Por baixo da tanga, ou mawashi, as atletas femininas usam um discreto macacão de lycra.

Postado por Alexandre Sakai | 10 comentários

Comentários

Karina Almeida @ 8 Out, 2007 : 13:11

o que me deixou supresa aqui no japão foi ver que os melhores lutadores de sumô do país não são japoneses. esse de 22 anos que você citou é da mongólia, né? acho que ele é o atual campeão e antes dele, o campeão era outro mongol. mas o choque maior foi ver um búlgaro com aquela cara de ocidental (assim como a minha) lutando sumô aqui. e ele ainda é chamado de o beckham do sumô. hihihi... eu brinco com meus amigos: acho que ter olho puxado deveria ser pré-requisito! os mongóis passam despercebidos, mas o búlgaro... sem chance! parece um peixe fora d água :P
Karen @ 8 Out, 2007 : 18:51

Meu marido tem um sobrinho de três anos que adora brincar de sumô com ele. O mais engraçado é que o menino grita,"eu sou mongol!", porque aprendeu que os lutadores da Mongólia são fortes. Espertinho, não?
Ale Sakai @ 8 Out, 2007 : 22:01

Realmente, primeiro foram os havaianos que dominaram por um tempo o sumô profissional e de alguns anos pra cá os mongóis literalmente invadiram o Japão e estão botando pra quebrar. O Asashoryu, o outro Yokozuna, é um verdadeiro fenômeno. Mas ao mesmo tempo tem fama de "bad boy". Outro dia li que ele se tornou o primeiro Yokozuna a ser suspenso de um campeonato. Tudo porque ele deixou de participar de uma exibição alegando que estava machucado e dias depois apareceu participando de uma pelada na Mongólia. É praticamente o Romário do sumô. rs...
Gaijin4ever @ 9 Out, 2007 : 04:42

Beleza esse projeto! Sucesso e tudibom! Estou gostando demais dos seus textos aqui também. Espero que não termine em junho e continue tocando por muito mais tempo!
madoka otsuka @ 9 Out, 2007 : 11:58

Sakai, Mas li tambem, que a pelada que o Yokozuna participou na Mongolia, foi beneficente, e sei lah, vai ver esse aue todo na imprensa eh porque nao eh japones. Nao entendo de sumo, mas respeito e admiro a tradicao. Meu pai acordava de madrugadinha no Brasil soh pra ver as lutas de sumo. Belo post, merece continuacao, ficou com gostinho de quero mais saber deste esporte tao milenar. Agora, concordo com Karina, um bulgaro??? ah! o cabelo dos lutadores sao impecaveis heim??? sera chapinha??? kkkkkkk abs madoka
Ewerthon @ 9 Out, 2007 : 23:30

A Madoka Otsuka lembrou bem que o tal mongol tinha ido participar de um evento beneficente, em prol das criancas pobres da Mongolia. E adivinha quem organizou o tal evento de futebol? Um ex-jogador de futebol japones (nao me lembro agora o nome dele). Ele nem abriu a boca para defender o pobre sumotori. E fizeram realmente um aue! Mais recentemente, outro escandalo do sumo. A morte de um praticante por suspeita de ijime (bullying). Eh, o sumo nunca esteve tao em alta como agora... Adorei seu post! Conheci o Vander e outros dois sumotoris, que ainda estao treinando para chegar ao topo...
oscarf2b @ 2 Dez, 2007 : 22:22

Estou fazendo um trabalho sobre imigracão japonesa; e deu vontade de escrever nos comentarios!
Nivia @ 16 Abr, 2008 : 13:01

Olá, gostaria de falar a respeito do Vander, o ex-lutador de Sumô citado acima. Fomos namorados durante 02 anos aqui no Brasil e agora estamos separados por motivo de força maior, ele está no Japão novamente. Mas gostaria de dizer que ele é uma pessoa maravilhosa, tem muita garra, é humilde, carinhoso, compreensivo e um ótimo companheiro. Foi perfeito o tempo em que passamos juntos aqui e espero vê-lo em breve. "Van, Tenho muito orgulho de ter sido sua namorada, te desejo toda felicidade do mundo, que Deus te ilumine sempre, estou morrendo de saudades. O sonho ainda não acabou. TE AMO!!" Nivia
matheus @ 8 Set, 2008 : 18:08

eu queria pesquisar sobre o unifome do sumô.
vagner @ 15 Jan, 2009 : 00:25

como colocar a tamga de sumo de luta

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Perfil

Alexandre Sakai é publicitário. Paulistano, nascido no bairro do Ipiranga, é sansei, neto de japoneses. Adora fuçar livros, revistas e a internet atrás de informações e novidades. Atualmente tem coletado histórias curiosas da comunidade japonesa no Brasil para escrever um livro.

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