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Veja, 7/04/1971

A vanguarda, sem tela nem pincel

DA REDAÇÃO

São objetos e esculturas de metal brunido, laminado, acrílico, freqüentemente formas convexas que atuam como prismas da luz e espelhos deformantes. Custam de 1 500 a 9 000 cruzeiros e nos sete dias após sua apresentação, na Galeria Documenta de São Paulo, na semana passada, já tiveram uma surpreendente aceitação do público para um setor tão vanguardista da mais requintada arte abstrata que se produz no Brasil. Abrangendo a pintura, a escultura, o móbile, seus efeitos ópticos extraordinários já tinham causado sensação na Bienal de arte da Colômbia e arrebatado prêmios em tôdas as mostras brasileiras, das bienais de São Paulo e Salvador a outras menores. Seu autor, Yutaka Toyota, coloca sua criação num mundo revolucionado pela tecnologia ocidental: para êle seria tão incoerente o artista usar o pincel e tela atualmente quanto parar o ensino da física e da química nas lições de Lavoisier e de Volta. E tão longe levou essa sua idéia que hoje tem um pôsto privilegiado entre todos os criadores de objetos no Brasil: os seus apresentam o mais extraordinário acabamento técnico.

Fortuna - Desde o batismo, seu sucesso parecia previsto. Em japonês seu nome quer dizer "tigela cheia de arroz", pois no Oriente abundância de alimento quer dizer fortuna. Mas Toyota não quis fazer fortuna no seu país natal, o Japão, onde dividia o tempo em cenografias para teatro e o estudo da aplicação de côres na indústria. Preferiu conhecer o Ocidente: passou um ano sem pintar, em Milão, aproximando-se da vanguarda de artistas italianos, Fontana, Bruno Munari, e o expoente da chamada arte espacial, Luciano Fabro. Um de seus dois filhos, que sua mulher nissei, Wilma, lhe deu, chama-se Gianni, como lembrança de seu nascimento em Sesto San Giovanni, perto de Milão. Depois de dois anos em Buenos Aires achou que o Brasil era o único país que reunia a inovação tecnológica à placidez da paisagem oriental. Preferiu trocar, definitivamente, as colinas de sua cidade natal de Yamagata pelas colinas de Osasco, perto de São Paulo. "Só falta a neve", explica sorrindo. E muda de assunto, muito sério: "Na era tecnológica, a pintura está morta, no sentido acadêmico da pintura que não se renovou desde Rembrandt e as lições da perspectiva italiana dos quadros de Paolo Uccello", E mais: "Se a física hoje fala de antimatéria e superação da lei da gravidade, a arte pode incorporar não só os novos materiais como o aço usado na arquitetura, os plásticos no desenho industrial, mas também refletir até essa concepção einsteiniana da realidade". Suas esculturas em exposição criam uma atmosfera ao mesmo tempo de solene requinte e de uma elegância próxima de uma arquitetura espacial contemporânea: módulos de metal que formam figuras geométricas variáveis em tamanho e volume. Peças móveis, coloridas (arcos, retângulos polidos e com nuances de cor no interior), que se prendem aos objetos ou formam estruturas independentes. Diz êle: "A arte também participa, como a literatura, de uma proposta aberta, que permite e solicita a adesão do espectador". Inspirado no racionalismo do Ocidente e no zen-budismo, que contrasta elementos como o negativo e o positivo, o feminino e o masculino, Toyota ambiciona criar uma arte cósmica, que integra culturas divergentes como a do Ocidente e do Oriente, das ciências e do humanismo, da religião e da tecnologia. "A arte é uma dimensão nova e portanto abrange a totalidade do homem e reflete as condições da sua época", acha Toyota. Por isso suas peças têm títulos como "Espaço Negativo", "Espaço Infinito", "Quarta Dimensão". E aos 31 anos ainda não está satisfeito: "Quero pesquisar novas propostas, novos materiais, pois se a pintura está morta, viva o objeto!"


 

 
 

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