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ERIKA SALLUM
Um dos precursores da quick massage na cidade, Paulo Muraoka faz sucesso com suas mãos ágeis
Heudes Regis
Muraoka: relax em quinze minutos
O executivo entra estressado no Shopping Frei Caneca. É hora do almoço e, mesmo com pressa, ele decide se consultar com o magro descendente de japoneses que, vestido com uma espécie de miniquimono, promete amenizar as tensões do corpo em apenas quinze minutos. Ao se levantar da cadeira flexível especialmente projetada para isso, o cliente não esconde a fisionomia relaxada. Assim é a rotina do paulista Paulo Muraoka, de 42 anos. Um dos precursores na cidade da quick massage (massagem rápida, em inglês), ele faz sucesso nos corredores do shopping com seu jeitão meio zen e mãos ágeis. “Estava um dia fazendo compras e decidi experimentar os serviços do Muraoka”, conta o ginecologista e professor da USP Jorge Banduki Neto. “Virei fã. Sempre que o vejo, saio com quilos a menos de tensão.”
Difundida em São Paulo desde o fim dos anos 90, a quick massage pode hoje ser encontrada em salões de beleza, academias, restaurantes e praias. A moda foi importada de Nova York, onde imigrantes orientais passaram a oferecer a terapia no Central Park. Daí, ganhou o mundo. “É ideal para pessoas que querem dar uma relaxada depois de um dia cheio ou antes de um programa à noite, por exemplo”, diz a professora Fátima Caromano, do curso de fisioterapia da USP. “Mas não é indicada a quem apresenta dores ou problemas nas articulações — aí deve-se procurar um tratamento mais completo com um profissional da medicina.”
Nascido no interior do Estado, Muraoka ficou uma década dirigindo trens do metrô. Após sair do emprego e fazer cursos de massagem, começou a trabalhar em hotéis como o Caesar Park. Lá conheceu um poderoso empresário alemão que o levou para a Europa e os Estados Unidos. “Ele tinha sérios problemas na coluna e só se sentia melhor comigo”, afirma. Em 2001, o cliente morreu em um acidente aéreo. Além do Frei Caneca, Muraoka passou por cabeleireiros e pelo Shopping Eldorado. Atualmente conta com treze assistentes que trabalham a seu lado. Por quinze minutos, cobra 15 reais. Em uma semana movimentada, eles chegam a atender, juntos, mais de 220 pessoas.
Diferentemente de seus colegas praticantes da maioria das massagens rápidas, Muraoka não utiliza técnicas de shiatsu, mas de anma (pronuncia-se anmá). Originária da China, segue meridianos de energia e é feita com pressão, amassamento e pinçamento dos músculos. Para relaxar a área trabalhada, também são usados alongamentos. “Dói um pouquinho, mas é tiro e queda”, garante Muraoka. “Quando vejo o rosto aliviado de um cliente que estava mal, posso dizer que ganhei o dia.”
Dicas para viver melhor
O que o massagista recomenda a quem quer evitar dores na coluna e nos músculos
• Alongue-se sempre. Todos os dias, pelo menos uma vez. Esse é o melhor jeito de prevenir problemas musculares
• Se estiver tenso, massageie por alguns minutos com as pontas dos dedos a região do ombro e do pescoço
• No trânsito, aproveite para esticar as costas, os braços e o pescoço, evitando permanecer em uma só posição por muito tempo
• Lembre-se: o pior inimigo do corpo é o sedentarismo. Tire ao menos três vezes por semana para caminhar ou fazer algum tipo de exercício físico
Os japoneses chegaram aqui há um século. Desde junho de 1908, muita coisa aconteceu. Ajude a resgatar essa memória.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil