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Kasato Maru
Texto: Paulo Cunha. Infográfico Sattu: Tiago Cordiero, Débora Bianchi, Fábio Otubo e Luiz Iria (consultor)
Navio de imigrantes japoneses chegou há 100 anos
Às 17 horas do dia 18 de junho de 1908, o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos, no cais número 14, atual armazém 16. O desembarque aconteceu no dia seguinte.
Depois de duas horas na cidade, os passageiros foram encaminhados para a Hospedaria dos Imigrantes, em São Paulo. Dias depois, já estavam acomodados em
fazendas do interior paulista. Para aproximadamente 700 japoneses, começava então uma nova vida, em uma
nova pátria.
A viagem, a primeira de imigrantes do Japão rumo ao Brasil, começou em 28 de abril de 1908. Às 17h55, o navio partiu, sob o comando do capitão inglês A. G. Stevens. Nas décadas seguintes, mais de 140 mil cidadãos nipônicos repetiriam a trajetória do Kasato Maru, um navio de guerra adaptado para transportar passageiros – e que continuaria na ativa, na forma de uma fábrica móvel, até ser destruído por um bombardeio norte-americano em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.
O navio só fez duas escalas. A primeira em Cingapura,no dia 9 de maio. A segunda na África do Sul, em 2 de junho
Doenças e histórias
A viagem aconteceu em condições precárias
A viagem só aconteceu graças a Ryu Mizuno (à esq. na foto), presidente da Companhia Imperial de Imigração. Foi ele que, em 1907, assinou o acordo que viabilizou o começo da emigração do Japão para o Brasil. O acordo de Ryu com o governo de São Paulo autorizava a entrada de 15 mil japoneses.
Os passageiros ficaram acomodados ao lado do grande depósito de carvão que ficava nos porões do navio. Como havia muita gente, o ar circulava pouco. Logo apareceram os primeiros doentes, que pegavam gripe com facilidade por causa do frio e por passar muitas horas com a roupa molhada.
Peixe e arroz
A alimentação era precária. Duas ou três pequenas rações diárias de peixe e arroz, além de algumas conservas – e isso era tudo. Para melhorar a alimentação, os viajantes tinham suas próprias conservas, trazidas da terra natal, além de molhos para temperos e seus próprios hashi, usados
como talheres.
Traje ocidental
Para facilitar a adaptação ao Brasil, os passageiros embarcaram com roupas ocidentais confeccionadas na Europa. As mulheres usavam vestidos, e os homens vieram de terno e gravata. A maioria dos emigrantes era formada por agricultores, mas havia também comerciantes e artistas, que faziam apresentações para distrair os viajantes.
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