Reportagens › Exposição traz o Japão presente no dia-a-dia dos brasileiros
Japao100.com.br, 8/05/2008Nádia Kaku
Interatividade é um dos destaques da mostra sobre imigração e cultura japonesas que a Editora Abril promove nas estações Clínicas e Sé do metrô de São Paulo e no Museu da Língua Portuguesa em maio e em junho
Os cem anos da imigração japonesa no Brasil criaram aspectos culturais únicos no país, que fazem com que os brasileiros sejam um pouco japoneses também. Com base nesse conceito, a Editora Abril realiza em São Paulo a exposição “O Japão Daqui” nas estações Sé e Clínicas do metrô, a partir do dia 12 de maio, e no Museu da Língua Portuguesa, a partir de 20 de maio.
“A exposição tem foco no que resultou do encontro do Brasil e do Japão, e não apenas no passado”, explica o jornalista e curador Hélio Hara, responsável pela pesquisa, que “procura destacar aspectos cotidianos, não apenas o extraordinário”. Na estação Sé, por exemplo, painéis traçam paralelos entre o chinelo japonês zori e a nossa sandália de dedo.
O designer Marcello Dantas, também curador da mostra, aposta na interatividade como maneira de expor o Japão presente no dia-a-dia das pessoas. Para ele, é preciso celebrar “o quanto somos um pouco japoneses por causa dessa troca”. Na exposição no Museu da Língua Portuguesa, por exemplo, o visitante poderá experimentar cantar músicas brasileiras em japonês, como num karaokê.
A mostra “O Japão Daqui” faz parte do Projeto Abril no Centenário da Imigração Japonesa, que inclui o site www.japao100.com.br, reportagens sobre o tema em revistas da editora, edição especial e encontro da área de negócios organizado pela Exame. Também serão realizadas ações de divulgação e uma mini-exposição na estação Liberdade, no coração do bairro oriental da capital paulista.
Interatividade em cilindros
A mostra no Museu da Língua Portuguesa tem como destaques cabines em formato de cilindros transparentes que mostram como aconteceu – e acontece – a integração das culturas brasileira e japonesa. Divididos em sete categorias (língua, comida, produtos agrícolas, pop, gestual, karaokê e youtube), objetos rotineiros como flores, frutas e brinquedos ilustram a presença da cultura nipônica na vida dos brasileiros.
No cilindro de cultura pop, por exemplo, Hara escolheu personagens como Ultraman e National Kid que, segundo ele, “conquistaram o público [brasileiro] já nos anos 60, muito antes de se tornarem ícones pop mundiais”.
Exemplos cotidianos também são utilizados na seção de culinária, campo em que a integração nipo-brasileira é bem evidente. Hara atenta ao fato de que “no Brasil os sushis foram transpostos para as churrascarias e o yakissoba foi parar em carrocinhas”.
A interatividade está presente no cilindro do karaokê, que disponibiliza músicas brasileiras em japonês, e no cilindro do “youtube”, em que os visitantes podem gravar em vídeo um depoimento sobre como a imigração japonesa afetou suas vidas. As imagens serão armazenadas no site do Youtube.
Dantas explica que essa interatividade “faz parte da leitura de um Japão moderno, tecnológico e contemporâneo”. Para ele, o Museu da Língua Portuguesa é o lugar ideal para a exposição, “pois incorpora a linguagem e reconhece o quanto de Japão existe na nossa língua”.
Linha do tempo
A mostra da estação Clínicas é o alicerce histórico de “O Japão Daqui”: uma linha do tempo, ilustrada com fotografias, ocupa os mais de 30 metros do corredor que liga o Hospital das Clínicas à avenida Dr. Arnaldo. “É uma cronologia que permite contextualizar o que foi, quando e como aconteceram as ondas migratórias que transformaram o Brasil no país com o maior número de descendentes de japoneses no mundo”, define Hara.
Na Sé, as afinidades e as diferenças entre Brasil e Japão são ilustradas em 32 painéis rotativos. Hara dá um exemplo: “De um lado da porta, a pessoa lê que chá quente com macarrão gelado é uma combinação comum
no verão no Japão. Ao rodar a porta, lembra que chá gelado com macarrão quente é uma combinação comum
no Brasil”.
A escolha das estações de metrô foi baseada nas pessoas e na disponibilidade de espaço. “O projeto foi desenvolvido especialmente para cada estação, considerando as características físicas e históricas e o fluxo de pessoas. Procuramos explorar os pontos potenciais de cada local”, diz Renata Rezende, do marketing publicitário corporativo da Editora Abril. Renata também ressalta a idéia de que, mesmo independentes, os três espaços
se complementam.
A exposição tem entrada franca nas estações de metrô e no museu e termina no dia 29 de junho.
Exposição O Japão Daqui
Onde: Museu da Língua Portuguesa (Praça da Luz, s/ nº, na Estação da Luz) e estações Clínicas e Sé do Metrô
Quando: de 20 de maio a 29 de junho (museu) e de 12 de maio a 29 de junho (metrô)
Horários: de terça a domingo, das 10h às 18h (museu); e de segunda a domingo, das 5h30 à 0h (metrô)
Quanto: Entrada franca
Os japoneses chegaram aqui há um século. Desde junho de 1908, muita coisa aconteceu. Ajude a resgatar essa memória.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil