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Veja, 4/06/2008
De A a Z - 100 legados japoneses
NAIARA MAGALHÃES, RENATA MORAES E THAÍS OYAMA
As contribuições dos imigrantes e seus descendentes que ajudaram a mudar as feições do Brasil
Quando o navio Kasato Maru atracou no Porto de Santos, em São Paulo, em 18 de junho de 1908, os 781 imigrantes japoneses nele embarcados achavam que o Brasil não passava de um destino temporário — logo, logo voltariam para
casa. Os brasileiros, por sua vez, viam nos recém-chegados visitantes cuja única contribuição ao país seria o trabalho braçal nas lavouras de café. Pois é. Apenas 10% dos quase 190 000 imigrantes que aportaram aqui antes da II Guerra retornaram ao Japão. Os outros 90% ficaram para sempre — e ajudaram a mudar a face da terra de adoção. Na agricultura, introduziram a soja (atualmente, 20% das exportações do agronegócio) e novas máquinas e métodos de cultivo; na alimentação, uma infi nidade de frutas, pratos e temperos antes desconhecidos. Cem anos depois da
chegada dos pioneiros, no entanto, o maior legado japonês continua sendo o seu povo: 1,3 milhão de descendentes, a maior comunidade nikkei fora do Japão. O Brasil não seria o mesmo sem eles.
Acupuntura
Embora tenha sido criada pelos
chineses, chegou ao Brasil pelas mãos dos japoneses
Animê
Os desenhos animados japoneses são exibidos no Brasil desde os anos 60, mas viraram febre com Os Cavaleiros do Zodíaco, nos anos 90
Amendoim japonês
O amendoim coberto com uma casquinha crocante, temperada com molho de soja, foi criado no Brasil
por nikkeis
Assaí
A cidade paranaense foi fundada por imigrantes e ganhou deles o seu nome – “Asahi” quer dizer “sol nascente”
em japonês
Ala japonesa da escola de samba Barroca Zona Sul
Chegou a ter 600 foliões. Dissolveu-se em 1991, com a ida em massa de nikkeis (japoneses e descendentes) para o Japão. Mas os foliões de olhos
puxados continuam animados
AJI-NO-MOTO
O tempero japonês “que
realça o sabor dos alimentos” está na cozinha brasileira há mais de cinqüenta anos
Alunos aplicados
Os nikkeis representam 15%, em média, dos aprovados na Fuvest, embora sejam 0,7% da população brasileira
Budismo
Originário da Índia e introduzido no Japão pelos coreanos, foi popularizado no Brasil pelos imigrantes. Hoje,
dois terços dos 214 000 budistas do país não têm origem japonesa
Bairro da Liberdade
Recebeu os primeiros imigrantes no início do século XX. Hoje, com suas lojas, restaurantes
e festivais japoneses, virou um dos principais pontos turísticos de São Paulo
Bares que guardam uísque com o nome
do dono
Foram os estabelecimentos
japoneses que difundiram por aqui a tradição britânica de pôr o nome dos clientes nas garrafas
Broto de feijão
Vendido em saquinhos plásticos, o “moyashi” foi
incorporado à salada dos brasileiros
Beisebol
Foi difundido
como esporte
no Brasil pelos japoneses
Bardana
Trazida pelos japoneses, a
raiz de propriedades desintoxicantes começou a
ser disseminada no país pelos adeptos da macrobiótica
Bastos (SP), amaior produtora de ovos no Brasil
Na década de 30, um imigrante levou
cinqüenta galinhas para a cidade. Hoje, Bastos responde por 18% da produção nacional
Brincadeira de
"pedra - papel - tesoura"
Nasceu no Japão —
onde se chama jan-ken-pon — o jogo em que os participantes mostram simultaneamente a mão reproduzindo um dos
três objetos
Banco América do Sul
Criado em 1944
para financiar as atividades agrícolas da comunidade, foi vendido ao Sudameris em 1998
Bonsai
A técnica de cultivar árvores em
miniatura, que os japoneses herdaram da China, produziu no Brasil variedades que não
existem em nenhum outro lugar, como o bonsai de jabuticaba
Bambu
O uso decorativo da planta, dentro
de casa ou em arranjos de jardim, é herança da cultura japonesa
Caqui doce
Antes de os imigrantes trazerem essa
variedade da fruta, em 1916, os brasileiros só conheciam o caqui do tipo
adstringente, aquele que “amarra a boca”
Cerejeira
A árvore nacional do Japão, cuja flor
simboliza a felicidade, tem 1 500 pés plantados no Parque do Carmo, em São Paulo. A florada, entre julho e agosto, atrai 4 000 visitantes
Cooperativa de Cotia
Fundada em 1927, foi a maior das
mais de 140 instituições criadas pelos japoneses para organizar a produção e a venda de produtos agrícolas no país. Faliu em 1994
Cabochá
A abóbora trazida do Japão na
década de 70 é usada pelos brasileiros para fazer sopas e doces
Chinelo de dedo
O zori, feito de palha,
foi o inspirador das hoje internacionalmente famosas sandálias Havaianas
Carpa
No Japão, no “Dia dos Meninos”, as famílias hasteiam carpas de tecido diante das casas, para que seus filhos cresçam fortes, saudáveis
e leais — como se acredita que sejam esses peixes. No Brasil, eles começaram a ser comercializados na década de 70
Cerâmica japonesa
Os imigrantes
trouxeram a técnica de queima a altas temperaturas em forno a lenha
Cinturão verde
Foi por insatisfação com o baixo retorno do café que os japoneses partiram para o cultivo de hortaliças no entorno da capital paulista,
dando origem ao maior cinturão verde do país
Crisântemo
É a flor-símbolo da família imperial do Japão. As primeiras sementes chegaram ao Brasil pelas mãos dos imigrantes, antes da II Guerra
Cosplay
É a brincadeira em que fãs de quadrinhos e animês se caracterizam como os personagens das histórias. Aqui, festivais
de cosplay já chegam a reunir 80 000 participantes
Chá verde
Tomado pelos japoneses antes, durante e depois das refeições, conquistou os brasileiros pelos benefícios que traz à saúde —
e também à silhueta
Cão da raça Akita
O cachorro que acompanhava os samurais chegou ao Brasil nos anos 70. Tem os olhos ligeiramente puxados e fama
de só latir quando é preciso
Daruma
A imagem do fundador do zenbudismo virou talismã no Japão — e depois no Brasil: faz-se um pedido e desenha-se a primeira
pupila do boneco. Quando o desejo é atendido, pinta-se o outro olho
Desenvolvimento do cerrado
Na década de 70, os japoneses mudaram a cara da região — o solo pobre que só servia a pequenas culturas de
mandioca e feijão passou a ser grande produtor
de soja
Doce de feijão (manju)
Os japoneses não usam mais do que quatro ingredientes para fazer quase todos os seus doces: farinha de arroz, de trigo, açúcar e
feijão azuki — esse último trazido ao Brasil pelos imigrantes
2,7 bilhões de dólares
É o valor que os dekasseguis (como são chamados os japoneses e descendentes que saíram do Brasil para
trabalhar no Japão) remetem anualmente ao país
Futon
O “colchão” dos japoneses é usado esticado e dobrado, liso e colorido,
na sala ou no quarto
dos brasileiros
Gateball
Inspirado no críquete, o jogo que começou entre os velhinhos japoneses tem hoje 15 000 praticantes
no Brasil
Flor de lótus
Foi trazida por adeptos do budismo, que vêem nela um símbolo da
expansão espiritual
Gaijin, o filme
O clássico da cineasta Tizuka Yamazaki conta a saga dos imigrantes japoneses no Brasil
Hashi
Para muitos brasileiros, comer com “palitinhos” já não é tarefa complicada
Haicai
A poesia de três versos o influenciou o trabalho de poetas brasileiros,
como os concretistas Haroldo e Augusto de Campos
Hashi enfeitando o cabelo
Como os japoneses, os brasileiros descobriram outras utilidades para
os palitinhos
Hospital Santa Cruz
Fundada em 1939 pela comunidade japonesa, a instituição paulista é referência em
medicina preventiva
Ikebana
A arte japonesa do arranjo floral tem origem no xintoísmo — nasceu como oferenda aos deuses
Junco
Usada na produção de cestos, esteiras e móveis, a planta foi trazida por um imigrante em 1931
Kanjis
A plasticidade dos caracteres japoneses fez com que eles virassem tatuagens e motivos de camisetas
Karaokê
Um dos passatempos preferidos dos japoneses, tornou-se sucesso no Brasil, que tem 117 casas especializadas
apenas na cidade de São Paulo
Kotsu anzen omamori
O saquinho de pano bordado é um amuleto de proteção contra acidentes de carro. Usa-se pendurado no
espelho retrovisor
Kinkakuji
O templo construído em Itapecerica da Serra (SP) é uma réplica do Pavilhão Dourado, um dos cartões-postais de
Kioto, no Japão
Karatê
Assim como a arte marcial originária da província de Okinawa, também o judô, o kendô e o aikidô são herança japonesa
Luminárias de papel
Feita com armação de bambu, era usada para iluminar o interior das casas. Aqui, virou objeto de decoração
Créditos das fotos: Getty Images, São Paulo Shimbun, Mauro Holanda, Nani Gois, Getty Images,
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Rubens, Valdemir Cunha, Ricardo Toscani, Latinstock, Fernando Moraes, Pedro Bicudo, Otavio Dias de Oliveira,
Fabio Castelo e
Fabio Heizenreder
Divulgação, Pedro Rubens, Otavio Dias De Oliveira, Raul Junior, Marcelo Zocchio, Latinstock, João Sal, Roberto Setton, Mario Rodrigues, Claudio Rossi, Rogério Montenegro, Stockphoto.Com e Ilustração Hiro
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