Reportagens › Beleza simples
OLÍVIO TAVARES DE ARAÚJO
HISSAO OHARA, dezesseis esculturas; preços entre 6 000 e 8 000 cruzeiros; Galeria A Ponte; São Paulo.
Por sua economia de volumes, a obra do escultor Hissao Ohara poderia fazer supor um artista intelectualizado. Que estivesse a par, por exemplo, de tendências supercontemporâneas, como a "minimal art", cujos objetivos se definem automaticamente pelo rótulo. Em algumas peças, Ohara se limita a modificar, de leve, a forma ovóide de uma pedra. Em outras, elabora mais sutilmente as linhas e as massas, conferindo ao granito uma nobreza
Ohara não trabalha na agricultura. Limita-se a produzir suas peças com granito que lhe é trazido de cidades às vezes longínquas em transporte pago pela comunidade. Alimenta-se em comum com ela, num grande refeitório, ao lado da mulher e dos dois filhos. E seu atelier se resume à sombra das mangueiras, sob as quais, cercado por plantas e galinhas, esculpe com instrumentos rudimentares, na maior parte adaptados de sucata de ferragens.
O resultado demonstra a intuitiva sabedoria oriental ao lidar com formas e volumes. A beleza da escultura de Ohara não nasce de breviários e tratados. Sua simplicidade não resulta de elucubrações e dúvidas - mas sim da própria simplicidade de sua vida imediata.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil