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Veja, 29/05/1974

Beleza simples

OLÍVIO TAVARES DE ARAÚJO

HISSAO OHARA, dezesseis esculturas; preços entre 6 000 e 8 000 cruzeiros; Galeria A Ponte; São Paulo.

Por sua economia de volumes, a obra do escultor Hissao Ohara poderia fazer supor um artista intelectualizado. Que estivesse a par, por exemplo, de tendências supercontemporâneas, como a "minimal art", cujos objetivos se definem automaticamente pelo rótulo. Em algumas peças, Ohara se limita a modificar, de leve, a forma ovóide de uma pedra. Em outras, elabora mais sutilmente as linhas e as massas, conferindo ao granito uma nobreza

Abril Pressgranito Na escultura, a nobreza do granito
sólida, capaz de lembrar a escultura de um Brancusi. Todas essas aproximações, entretanto, são absolutamente extemporâneas. Basta uma vista de olhos sobre a pessoa e a vida do autor para se perceber como são diferentes os seus propósitos. E os meios pelos quais lhe foi possível chegar a eles.
Ohara nasceu em 1932, em Karafuto, no Japão, e, depois de se formar em arte em Tóquio, veio em 1961 para o Brasil. Instalou-se, desde a chegada, numa curiosa colônia de japoneses no município de Mirandópolis, a 600 quilômetros de São Paulo. E a vida cotidiana da colônia parece ser uma das chaves para a compreensão de sua obra.
 
Formas e volumes - Fundada há mais de trinta anos pelo imigrante Isamu Yoruba, a colônia funciona nas bases de um verdadeiro kibbutz (nome pelo qual, inclusive, os filhos de residentes, de lá saídos, se referem a ela até hoje).
Todos os residentes - cerca de cem, atualmente - vivem numa comunidade com idênticos direitos. Conseguiram abolir, virtualmente, o dinheiro. Na sua maioria, são agricultores de pequenas hortas. O produto é vendido em benefício do kibbutz, e ninguém recebe individualmente por ele. Quando um dos membros precisa de qualquer coisa - sapatos, roupas, remédios, viagens recorre à administração comum. E dela recebe ou o próprio bem de consumo ou uma quantia limitada para sua necessidade específica.

Ohara não trabalha na agricultura. Limita-se a produzir suas peças com granito que lhe é trazido de cidades às vezes longínquas em transporte pago pela comunidade. Alimenta-se em comum com ela, num grande refeitório, ao lado da mulher e dos dois filhos. E seu atelier se resume à sombra das mangueiras, sob as quais, cercado por plantas e galinhas, esculpe com instrumentos rudimentares, na maior parte adaptados de sucata de ferragens.

O resultado demonstra a intuitiva sabedoria oriental ao lidar com formas e volumes. A beleza da escultura de Ohara não nasce de breviários e tratados. Sua simplicidade não resulta de elucubrações e dúvidas - mas sim da própria simplicidade de sua vida imediata.

 
 

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