Reportagens › Amazônia desconhecida
SÉRGIO GWERCMAN, DE SANTARÉM (PA)
Superespecial - Prêmio SUPER Ecologia 2004
O homem que encampou a heróica tarefa de entender como funciona a complexa Floresta Amazônica
Ana Araújo
O Brasil não conhece a Amazônia que tem. Não sabemos como cada árvore se reproduz. Nem quais os efeitos da derrubada de uma delas. Desconhecemos o modo como se equilibra a biodiversidade. Ignoramos formas de identificar espécies quase idênticas. Não temos muita idéia de como explorar a floresta sem exauri-la.
Agora pense na dificuldade de achar respostas a essas questões. Pense nas áreas enormes e de difícil acesso. Nas árvores que escondem seus segredos em copas que ficam a
O Hércules em questão é um filho de japoneses. Do alto de seu
Os trabalhos do Hércules se dividem entre os laboratórios em Belém e uma área florestal de
Outro problema identificado pelo Dendrogene: não temos segurança sobre a autenticidade das madeiras no mercado. A identificação das espécies é feita pelo caule, apesar de suas diferenças muitas vezes serem notadas apenas na copa. Para piorar, árvores iguais recebem nomes diferentes ao redor do país. Com o treinamento de mateiros o Dendrogene espera minimizar o problema. O objetivo é que a identificação seja feita pelo nome científico, garantindo que o consumidor saiba exatamente o que está comprando. O angelim, por exemplo, tem 136 variações diferentes. Algumas duras o suficiente para usar na construção, outras incapazes de sustentar estruturas. Mas, nas lojas de madeira, todas são “angelim”. “Assim prejudicamos o consumidor, que não sabe o que compra, o vendedor, que tem seu produto desvalorizado, e as espécies raras, cortadas sem critério. Isso é tudo que um manejo sustentável não deve fazer”, diz Milton.
O problema é que, para continuar evoluindo, o Dendrogene precisa de reconhecimento governamental. Primeiro, porque esses esforços só serão úteis se a fiscalização estatal for rigorosa. Sem ela, conhecer ou não a floresta é indiferente – ela vai para o chão mesmo. Para piorar, o orçamento anual de 2 milhões de reais garantido pelos ingleses termina no final do ano. Para sobreviver, portanto, o Dendrogene vai precisar entrar para as prioridades do governo brasileiro. Na batalha contra a falta de conhecimento sobre a floresta, Milton saiu-se bem. Agora chegou a hora de o Hércules enfrentar a burocracia.
Como ajudar
Consuma com consciência. Pesquise a origem da madeira que está comprando e exija que ela seja certificada – o selo FSC é uma garantia da origem. Para entrar em contato, ligue para (091) 277-4649
Os japoneses chegaram aqui há um século. Desde junho de 1908, muita coisa aconteceu. Ajude a resgatar essa memória.
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Este projeto tem a parceria da Associação para a Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil